“O que se está a verificar aqui [Monchique] é que parte destes meios não estão a operar diretamente nas bases de origem, para que fiquem mais perto do incêndio, e quando esse produto se esgota, nem sempre é possível reabastecer os aviões com o agente extintor para as missões seguintes”, indicou Patrícia Gaspar.
A 2.ª comandante nacional operacional da ANPC falava aos jornalistas no encontro com a comunicação social, onde efetuou o ponto da situação operacional do incêndio que lavra há seis dias em Monchique e que se estendeu já aos concelhos de Portimão e de Silves, no Algarve.
De acordo com Patrícia Gaspar, os agentes extintores (espumíferos) existem nas bases onde os meios aéreos estão sedeados e a operar, “dando o carregamento para um determinado número de descargas”.
“Este ano, efetivamente, os espumíferos integram a capacidade de extinção que integram o nosso dispositivo [de combate aos fogos]” esclareceu Patrícia Gaspar, acrescentando que a contratualização do produto extintor destina-se apenas a abastecer “os aviões” e não os helicópteros.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) já tinha confirmado, em resposta a questões da Lusa, que “os aviões que estão a ser empregues no combate ao incêndio rural de Monchique estão a carregar espumífero”.
O especialista em incêndios florestais Xavier Viegas tinha defendido a utilização de produtos químicos no combate ao incêndio de Monchique para evitar reacendimentos, lembrando que os reacendimentos “estão identificados como um dos grandes problemas, que depois dão origem a incêndios ainda piores”.
Também os bombeiros vieram criticar que não se estivesse a utilizar essa ferramenta, mas a ANPC garante que o Estado contratou aviões anfíbios – médios e pesados – que “utilizam espumífero certificado nas missões que realizam a partir da sua base de origem”.
No comunicado enviado para as redações, a ANPC explica que “o espumífero faz parte das obrigações contratuais, sendo fornecido pelas empresas contratadas que operam estes aviões”.
Segundo a ANPC, em cada descolagem, um avião médio Fireboss carrega 70 litros de espumífero, que dá em média para 15 descargas, e cada avião pesado Canadair carrega cerca de 300 litros que dá aproximadamente 12 descargas.
Já o mesmo não acontece com os helicópteros, que não utilizam produtos químicos para retardar o fogo, uma vez que tal reduziria “a capacidade de transporte de elementos operacionais”, explica a ANPC.
A ANPC explica, em comunicado, que os 40 helicópteros de ataque inicial “não usam espumífero por ficar reduzida a sua capacidade de transporte de elementos operacionais a bordo”.
Comentários