Pedro Passos Coelho reuniu-se hoje na aldeia de Dornes - que se situa junto ao rio Zêzere e cuja população teve que ser retirada durante um incêndio, em 13 de agosto – com autarcas social-democratas de cinco concelhos do distrito de Santarém que foram afetados pelos fogos deste verão (Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Abrantes e Tomar).
“Pode haver problemas muito sérios, que têm que ser já preparados e minimizados”, advertiu, depois da conversa com os autarcas, apontando em particular a possibilidade de contaminação das águas que servem de abastecimento às populações por infiltração de cinzas e arrastamento de solos por erosão dos terrenos para os leitos dos rios e as barragens.
Sublinhando que este é um problema que “trará desafios muito grandes em termos de resposta pública”, Passos Coelho lembrou que é a partir da albufeira de Castelo de Bode, que se situa na região, que é feito grande parte do abastecimento de água à população de Lisboa.
Passos Coelho afirmou que foi alertado para este impacto pelo presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere, Jacinto Lopes, e sublinhou que estes “problemas mais imediatos” precisarão de uma resposta concertada das administrações central e local.
O líder social-democrata afirmou que a reunião de hoje constituiu uma oportunidade para “ter uma noção do impacto dos incêndios” nesta zona, já que o norte do distrito de Santarém foi uma das regiões mais afetadas pelos fogos que ocorreram, sobretudo no mês de agosto.
As mensagens que ouviu deram conta “da grande descoordenação da resposta” por parte da Proteção Civil e de “uma falta de planeamento estratégico”, que se refletiu numa deficiente resposta no combate aos incêndios e na forma como os próprios meios foram empregados, disse.
“As queixas foram muitas. Houve também muitas sugestões que podem ser úteis para o futuro”, acrescentou, afirmando que o PSD tem vindo “a contribuir com propostas que são bastante construtivas” e que visam “garantir que, para o futuro, a resposta possa ser melhor”.
Em particular, Passos Coelho destacou a intervenção ao nível do Plano Juncker (plano de investimentos para a Europa) e das ajudas da União Europeia, bem como a nível nacional, no sentido do cadastro e do ordenamento, referindo ainda o contributo para “a fase que se vai abrir, de reconstrução, de reflorestação, de limpeza, de preparar o futuro, quer do ponto de vista estrutural quer do ponto de vista operacional”.
Passos Coelho afirmou aguardar pelo relatório sobre o que se passou em Pedrógão Grande, onde, no incêndio que se iniciou em 17 de junho, morreram 64 pessoas, e que será apresentado pela comissão técnica independente, que frisou ter sido criada por proposta do PSD e aprovada por todos os partidos no parlamento.
“Esperamos que traga indicações muito claras sobre o que aconteceu, independentemente de indicações para o futuro, mas pelo menos que fiquemos a saber o que aconteceu naquele caso”, disse, reafirmando que o que aconteceu em outros concelhos “vem evidenciando” falhas na coordenação e planeamento mal feito.
“Isso são indicações que recorrentemente aparecem e não apenas da parte de autarcas do PSD”, declarou, acrescentando que chegará o momento “em que se fará, com princípio, meio e fim, a avaliação de tudo o que se passou e haverá uma imputação de responsabilidades aos vários níveis”, para depois se “saber o que se pode fazer para futuro, de modo que as coisas que correram mal sejam prevenidas e se evite que volte a acontecer”.
Passos Coelho afirmou não haver “dúvida nenhuma” que o sentimento de que “o Estado falhou e de que muitas das coisas que eram importantes correram mal” é “partilhado pela generalidade das pessoas” e “não pode ser combatido apenas com palavras”.
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