"O sistema de proteção civil - e nós reunimo-nos com todos os atores - verdadeiramente funcionou no apoio às populações, aos desalojados, às pessoas que tiveram de sair de casa e de ser acolhidos nos sítios de recolha e de encontro das pessoas", disse Jorge Botelho.
O também presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal) e, por inerência, da CDPC, salientou que as pessoas afetadas "tiveram o devido apoio social, o devido apoio psicológico, o devido apoio para dormir, o devido apoio para tratar da higiene e, obviamente, para se alimentarem".
"O sistema de proteção civil no Algarve funcionou nesta situação de retaguarda", resumiu o autarca, após uma reunião extraordinária da Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, no Centro de Meios Aéreos de Loulé.
Jorge Botelho admitiu que alguns dos afetados, "para poderem ser protegidos das situações de emergência absoluta", tiveram de sair das suas casas contrariados ou mesmo à força, mas ressalvou que "há um fim justificado", a proteção das pessoas, e que os afetados compreenderão a decisão.
"Numa questão de emergência como esta, o que nós não podemos ter é mortos", frisou, explicando que se trata de “uma experiência nova de proteção civil que está a acontecer com as forças de segurança".
Jorge Botelho reconheceu "a realidade daquela emoção e a urgência de tentar resistir", acrescentando: "No fim, o que importa, e na avaliação que se fará deste incêndio, o que se verificará é que protegemos as pessoas e isso é uma situação muitíssimo importante."
O presidente da comissão não quis comentar diretamente as declarações da presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma, que criticou a ligação da Proteção Civil às forças locais.
"Acredito que no fim haja inquéritos em relação a como as coisas correram para melhorarmos o sistema. Não funciono aqui como incendiário dessa matéria. Todas as pessoas têm liberdade para dizer aquilo que pensam sobre algumas matérias, mas depois confio no sistema de avaliação daquilo que foi feito", assegurou.
Sobre a mudança de comando para o nível nacional, decidida na terça-feira, Jorge Botelho foi sucinto, afirmando que a situação estava "esclarecida" e que "nada mais" tinha a acrescentar.
O autarca justificou ainda as suas palavras de segunda-feira ao início da tarde, quando afirmou que o incêndio estava "95% dominado".
"Eu não chamo falsa avaliação. Eu transmiti o que resultou da reunião da comissão de segunda-feira. Na altura, era a realidade. Verificou-se pelas condições atmosféricas que a situação evoluiu de uma forma muito desfavorável", considerou.
O incêndio rural, que está a ser combatido por mais de mil operacionais, deflagrou na sexta-feira à tarde em Monchique, no distrito de Faro, e lavra também no concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
Segundo um balanço feito hoje de manhã, há 36 feridos, um dos quais em estado grave (uma idosa internada em Lisboa), e 299 pessoas estão deslocadas e distribuídas por centros de apoio, depois da evacuação de várias localidades.
Outras nove pessoas acamadas estão dispersas por unidades de saúde.
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram 23.478 hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.
Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.
[Notícia atualizada pela 14:45]
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