Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições em declarações aos jornalistas, antes de participar no tradicional almoço de Natal da Comunidade Vida e Paz, na cantina da Universidade de Lisboa.
Os jornalistas confrontaram o chefe de Estado com uma declaração feita pelo primeiro-ministro, António Costa, no sábado, segundo a qual só com um otimismo exagerado se poderia acreditar que as habitações devastadas pelo incêndio de junho em Pedrógão Grande estariam todas reconstruídas antes do Natal deste ano.
Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que cabe ao Presidente da República, “permanentemente, fazer pressão para que seja mais rápido”.
“Mas o Presidente [da República] reconhece que aquilo que tem sido feito, quer a nível local, quer a nível nacional sobretudo pelo Governo, tem sido feito em tempo recorde para a nossa habitual prática. Há um esforço conjunto – e neste tempo de Natal devemos pôr acento tónico naquilo que nos aproxima e não naquilo que nos divide”, advertiu.
Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu no recado que o Natal deve ser “espírito de convergência e não de dissonância ou de divergência”.
“Esse espírito é muito importante sobretudo na reconstrução, mas não apenas em Pedrógão Grande e concelhos vizinhos, porque outros municípios também foram atingidos em outubro. Temos de remar na mesma direção: Presidente da República, Governo, autarquias, instituições de solidariedade social, empresas ou, desde logo, a Associação dos Familiares das Vítimas do Incêndios de Pedrógão Grande”, disse.
Ainda sobre o processo de reconstrução das áreas atingidas pelos incêndios, o Presidente da República dividiu funções e responsabilidades entre órgãos de soberania e diferentes entidades públicas ou privadas.
“Cada um faz aquilo que pode fazer no seu campo de intervenção e cabe ao Presidente da República o magistério de chamar a atenção, fazendo pressão e estando próximo em termos de afeto daquilo que também existe. Não é só reconstruir as casas, mas também reconstruir as almas”, sustentou.
Em relação ao Governo, o chefe de Estado advogou que lhe cabe sobretudo a tarefa de “reconstruir empresas, casas e outros bens materiais essenciais para a vida das comunidades”.
“Depois, as autarquias e as empresas contribuem. Portanto, estamos juntos”, afirmou em jeito de conclusão.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda mais longe neste ponto relativo ao acompanhamento dos trabalhos de reconstrução das áreas devastadas pelos incêndios de junho e outubro deste ano.
“No fundo, nós completamo-nos”, disse, referindo-se aqui especificamente a António Costa. E explicou porquê:
“O primeiro-ministro está agora neste fim-de-semana [nas regiões atingidas pelos fogos]. Depois, o Governo organiza – e bem – um concerto na quinta-feira e, em seguida, estarei eu, nos fins de semana seguintes. Não estamos ao mesmo tempo e assim prolongamos a presença ao longo praticamente de três fins de semana”, justificou.
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