Duarte Caldeira falava à agência Lusa na sequência da justificação do comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, sobre a falta de informação na página da internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e nas redes sociais do organismo à hora – 05:11 – que o sismo, de 5,3 na escala de Richter, foi registado esta madrugada ao largo de Sines.
Ao início da manhã, André Fernandes explicou que às 06:00 foi “emitido um primeiro ‘post’ nas redes sociais que tinha uma indicação” para a página da ANEPC.
Questionado pela Lusa sobre o método de comunicação usado pela ANEPC, o presidente do CEIPC afirmou que os ‘smartphones’ “são suficientemente expeditos” nos alertas aos cidadãos, salientando que “uma percentagem muito significativa da população conseguiu ser alertada do sismo” ao recorrer “imediatamente às redes sociais e à troca de mensagens entre toda a gente”.
“Isto é também um desafio ao sistema. Tem-se falado muito nos alertas via SMS [serviço de mensagens curtas]. Os alertas SMS têm sido testados em relação aos incêndios florestais, mas ainda não entraram na estrutura de aviso à população. Talvez seja de refletir, precisamente, se não se deve alargar a todas as circunstâncias emergência, de uma vez por todas, o envio de alertas, uma vez que está demonstrado hoje que os ‘smartphones’ são um instrumento de rapidez comunicacional (…) que faz com que não haja um mecanismo de alerta”, afirmou.
“Utilizando as mesmas tecnologias, os serviços públicos acabam sempre por ser ultrapassados, porque não há possibilidade de um serviço público, no modelo atual ter mecanismos mais expeditos e mais rápidos de aviso à população do que aqueles que já estão disponíveis tecnologicamente e comunicacionalmente”, sustentou o especialista em proteção civil.
Duarte Caldeira disse que “a generalidade dos cidadãos do país” foi alertada por alertas da Google e por alertas em ‘smartphones’ com o sistema operativo daquela tecnológica norte-americana, Android, e “depois comunicaram entre si” através de mensagem.
“Facilmente se concluirá que hoje ou os mecanismos de alerta são alicerçados em instrumentos tecnológicos ou são rapidamente ultrapassados pelas próprias informações que hoje está disponível ao conjunto dos cidadãos”, observou.
Sobre a não ativação de planos especiais após o sismo de hoje, o presidente do CEIPC explicou que “não se preencheram as condições no plano” de emergência da proteção civil, que só é ativado a partir de 6,1 na escala de Richter, lamentando “um excesso de alarmismo” criado pelos decisores políticos.
“Aquilo que a ANEPC fez é o que é suposto em condições normais em ocorrências análogas a esta, que, na presença de uma caracterização de uma ocorrência deste tipo, sem danos materiais, foi possível avaliar em tempo útil e acionou os mecanismos de informação pública”, frisou.
O especialista em proteção civil lembrou ainda que “todo o cidadão tem direito a ser informado sobre os riscos em que pode estar exposto e informado de como é que se pode defender” e que os decisores políticos devem continuar “a trabalhar no sentido de dar continuidade à preparação da sociedade para enfrentar de uma forma mais eficaz, eficiente e em razão da sua autoproteção os riscos a que estão sujeitos”.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter com o epicentro localizado 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal, foi registado às 05:11 de dia 26 de agosto, sem causar danos pessoais ou materiais.
O sismo teve uma intensidade máxima de IV/V na escala de Mercalli, classificada como moderada a forte, sendo seguido de pelo menos quatro réplicas, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O abalo foi sentido em várias zonas de Portugal e com maior intensidade nas regiões de Setúbal e Lisboa.
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