“O que é evidente é que não há coordenação entre as autoridades de saúde e as autoridades políticas [Presidente da República], mas há também pouco esclarecimento sobre os dados científicos que estão neste momento recolhidos sobre a vacinação de crianças”, declarou aos jornalistas João Cotrim Figueiredo, à margem da apresentação das candidaturas aos órgãos autárquicos do município de Gondomar, no distrito do Porto, às próximas eleições locais marcadas para 26 de setembro.
Segundo o líder do Iniciativa Liberal, que discursou ao início da tarde de hoje durante mais de 10 minutos no passadiço de Valbom, junto à Casa Branca de Gramido, para cerca de 50 militantes e simpatizantes do partido, os liberais estavam “confortáveis” com a decisão que foi comunicada pela Direção-Geral de Saúde há 48 horas, em que apenas se exigir a vacinação das crianças e jovens que tivessem com “comorbilidade graves”.
“Estávamos confortáveis com a decisão que foi comunicada há 48 horas pela DGS, de só exigir vacinação daqueles jovens que tivessem com comorbilidades graves, porque esses sim correm risco da própria vida em proteção própria. Em proteção da sociedade não devemos exigir aos jovens que se vacinem, porque não conhecemos os efeitos a longo prazo. A sociedade não pode exigir a nenhum dos seus membros um sacrifício coletivo sem saber exatamente porque é que está o está a fazer”, salientou.
A DGS recomendou, na sexta-feira transata, a administração prioritária de vacinas contra a covid-19 para crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades.
A DGS considerou ainda que deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e de acordo com a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal destas idades para mais tarde.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, salientava, por seu turno, este sábado, a partir do Brasil, que as autoridades de saúde não proibiram a vacinação contra a covid-19 para crianças saudáveis, considerando que “esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”.
João Cotrim Figueiredo acrescentou, por seu lado, que as quatro vacinas que estão aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento, durante a sua fase de aprovação e de testes “não tiveram na população abaixo dos 15 anos amostra suficientemente representativa” para se poder concluir com “certeza nem impactos a curto prazo, e muito menos a longo prazo”, recordando que o processo de aprovação foi “bastante acelerado”.
“Esta sociedade, que nós gostaríamos de construir mais liberal, não pode partir do princípio que é legítimo exigir a vacinação de pessoas que podem não beneficiar ou até serem prejudicadas pela vacina, com o pretexto que isso está a proteger outras franjas da população. Não é assim que funciona. Temos de ter a certeza, em especial em relação aos nossos jovens, que aquilo que estamos a pedir para ser feito não nos vai causar mais dano do que benefício à sociedade”.
Ainda sobre a vacinação dos menores entre os 12 e os 15 anos, a diretora da DGS, Graça Freitas, disse que a lista de doenças crónicas que justificam a vacinação naquelas idades está a ser preparada e pronta para ser publicada, para que os médicos possam fazer a recomendação de vacinação.
A vacinação universal continua, para já, a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, seguindo o plano de vacinação em curso.
A DGS não descartou, no entanto, alterações futuras se houver “novas variantes de preocupação”.
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