Segundo o Jornal de Notícias, entre janeiro e junho deste ano, os hospitais gastaram 993 milhões de euros em fármacos, mais 109 milhões do que no mesmo período do ano anterior, num crescimento de 12,3%.
Em declarações à margem da comemoração do Dia Nacional do Farmacêutico, em que participou, o governante explicou a razão de ser dos números que, há um ano, manifestou querer baixar.
“No mercado farmacêutico ambulatório os resultados foram muito positivos, há um aumento de 3,6% da despesa do Estado, mas a verdade é que esse aumento no primeiro semestre também correspondeu a um aumento do consumo de medicamentos pelas pessoas, ou seja, os cidadãos levaram para casa cerca de mais quatro milhões de embalagens de medicamentos”, começou por responder.
Ainda sobre o tema, realçou que o Governo conseguiu “preservar e alargar o acesso das pessoas aos medicamentos e, ao mesmo tempo, conter a despesa pública”.
“É verdade que no caso dos hospitais isso não é assim. No caso dos hospitais nós garantimos o acesso das pessoas, a despesa é inteiramente do Estado, mas o aumento continua a ser muito grande e, em parte, tem a ver com o facto de termos acelerado a introdução da inovação terapêutica nos hospitais, muito relevante para tratar doenças graves como o cancro, as doenças autoimunes, mas temos de fazer mais trabalho para conter a despesa”, explicou o ministro.
Mostrando-se otimista sobre o evoluir a situação, acrescentou: “diria que 2023 é o ano que, a confirmarem-se estes números, garantimos isso do mercado de ambulatório das farmácias, temos de concentrar-nos, agora, no mercado hospitalar”.
Na cerimónia que decorreu na Ordem dos Farmacêuticos (OF), Manuel Pizarro ouviu de Paula Costa, vice-presidente da OF que “são mais de 170 os pedidos de escusa de responsabilidade numa dezena de hospitais do país (…) o que nunca sucedeu até maio de 2022”, alertando ainda para uma “resposta urgente do Ministério da Saúde aos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde”.
A cerimónia ficou ainda marcada por um protesto silencioso de cerca de vinte farmacêuticos vestidos de negro que, assim que o ministro começou a discursar, ergueram-se com cartazes onde se liam as palavras “Dignidade”, “Progressão”, “Diálogo”, “Equidade”, “Negociação” e “Respeito”.
Antes desse momento, Aida Batista, porta-voz do grupo, explicou à Lusa o protesto “num momento em que toda a gente olha para os médicos e para os enfermeiros, esquecendo-se da importância da sua profissão”, exemplo disso, continuou a farmacêutica “são os colegas com mais de vinte anos de carreira que continuam na base remuneratória, sendo que o seu curso é equiparável ao de Medicina”.
Questionado no final sobre o descontentamento e manifestado pelos farmacêuticos, Manuel Pizarro vincou que 2023 é um ano que marca “avanços muitos significativos na incorporação dos farmacêuticos no Serviço Nacional de Saúde”.
“É verdade que temos uma agenda de assuntos para resolver, nomeadamente com os farmacêuticos que trabalham no SNS e temos de fazer esse trabalho, caso a caso, para reconhecer uma profissão que é muito importante para o SNS, que se tem vindo a sofisticar e precisa cada vez mais da intervenção de profissionais diversos”, disse.
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