A ex-administradora da CGD confirmou à deputada social-democrata Inês Domingos que foi o conselho alargado de crédito (CAC) que delegou em Armando Vara "o poder de autorizar sozinho um acréscimo de seis milhões [de euros] de financiamento e a redução do 'spread'", no caso do empreendimento de Vale do Lobo.
"De facto, o CAC delegou em Armando Vara essas competências", disse Celeste Cardona.
Questionada pela deputada se se tratava de um procedimento usual, Celeste Cardona disse que "em alguns casos o CAC delegava em alguns diretores" capacidade de "fazer adaptações sobretudo de 'spreads', e não tanto de financiamento".
Quanto à autorização para aumento de financiamento, Celeste Cardona disse ainda que não tinha "conhecimento" ou se lembrava "que mais alguma vez tenha ocorrido".
Mais tarde, em resposta à deputada do BE Mariana Mortágua, a administradora do banco público entre 2004 e 2008 disse que a justificação para a atribuição dessas competências a Armando Vara estaria relacionada com "agilidade, rapidez e eficácia das decisões".
"Se me recordo (...) os argumentos que teriam sido invocados foram dessa natureza", acrescentou.
Celeste Cardona disse ainda a Inês Domingos que "nunca" sentiu pressão política nos conselhos de crédito do banco público.
"Nunca, senhora deputada", respondeu à deputada do PSD.
Celeste Cardona transmitiu também a ideia de que os conselhos de crédito se "sentem" na Caixa.
"Sente-se. Vive-se. Percebe-se. Como funcionam, como agem, como somos ainda o maior banco português. E como fomos durante muito tempo o quarto maior banco ibérico", afirmou a ex-ministra da Justiça.
"É nesses conselhos que a gente sabe isso", prosseguiu.
Celeste Cardona explicou ainda que o que fazia nos conselhos de crédito era "justamente ouvir as propostas das direções de crédito do banco de investimento, dos particulares, das empresas sul", especificou.
A ex-administradora da CGD disse que estava nos conselhos a "ouvir a exposição das razões que os [administradores] levavam a querer aumentar" a quota nas empresas, para além de "ouvir o que o [departamento de] risco dizia" e de "estar atenta" à área jurídica e contratual, que lhe dizia respeito diretamente.
No final da sua audição, Celeste Cardona confessou-se ainda "emocionada" por regressar à Assembleia da República.
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