Mário Guedes está hoje a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, tendo na sua intervenção inicial apontado a dívida tarifária e a incapacidade de o país ser autossuficiente do ponto de vista energético como os grandes problemas com que Portugal se debate neste setor.
No período de perguntas por parte dos deputados, Bruno Dias, do PCP, questionou o antigo responsável pela DGEG sobre a existência de rendas excessivas neste setor.
“Eu para isso gosto sempre de olhar para duas coisas: para o preço da energia e para o valor da dívida tarifária. Se temos estes dois valores tão elevados, que influenciam de uma forma tão substancial a competitividade e a qualidade de vida dos portugueses, claramente alguém está a ficar com parte dos lucros”, respondeu.
Mário Guedes foi mais longe e defendeu que olhando “para os relatórios de atividade e contas de algumas empresas, aquelas que são cotadas”, provavelmente é possível identificar “onde é que estão esses valores”.
Anteriormente, o deputado do CDS-PP Hélder Amaral tinha questionado sobre os sobrecustos decorrentes das energias renováveis, tendo o antigo diretor-geral deixado claro que não concorda com a atribuição de tarifas ‘feed in’ atualmente.
“Há tecnologias que tem que ter. Em relação ao momento atual e à energia eólica e fotovoltaica é que não existe necessidade de tarifas ‘feed in'”, defendeu.
Em relação à atribuição destas tarifas garantidas no passado, Mário Guedes admitiu que ser “treinador de final do jogo é fácil”, mas considerou que “à data fazia todo o sentido” atribuir estas tarifas.
“A pergunta que podemos fazer é porque motivo foram esses valores”, lançou.
O antigo responsável pela DGEG – que foi substituído no cargo em novembro passado – afirmou que defende o mercado.
“Acredito no mercado, nas boas intenções das pessoas, o Estado existe para regular e para colocar as orientações”, sublinhou, não acreditando na ideia de que “o prejuízo socializa-se e o lucro privatiza-se”.
No período de perguntas do deputado do BE Jorge Costa, Mário Guedes disse que, do ponto de vista estratégico e do interesse nacional, “seria interessante que quem tenha a concessão quer do transporte da energia elétrica quer da distribuição que fossem empresas ao nível do Estado”.
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