Isabel Magalhães considerou inaceitável que “esta oportunidade se tenha perdido”, depois de a Pulmonale ter apresentado um projeto "feito por especialistas que trabalharam ‘pro bono’" e definiram um projeto-piloto que, acrescentou, "está perfeitamente alinhado com as orientações científicas a nível internacional”.
Por seu lado, Manuel Pizarro respondeu afastando as razões financeiras e dizendo que “os novos rastreios recomendados pela União Europeia, com uma significativa contribuição de Portugal (rastreio do cancro da próstata com ressonância magnética; rastreio do cancro do estômago em certas comunidades; rastreio de cancro do pulmão em grandes fumadores) dependem da definição de normas técnicas adequadas e da criação de condições organizacionais adequadas”.
Contudo, a tutela parece estar sozinha nas justificações. Também a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lamentou que Portugal esteja no “nível zero” na implantação do rastreio ao cancro do pulmão, bem como na prevenção desta doença, e desejou que “o novo Governo” tenha atitude diferente.
Para António Morais, da SPP, “a confirmar-se esta situação”, ela constitui “obviamente um revés porque este é um rastreio previsto e assim serão muitas as dificuldades".
“Estamos a falar de um rastreio que tem uma eficácia de redução de 20% da mortalidade. Isto é muito significativo. Este ano temos duas situações que diminuem muito a nossa ação em termos de saúde pública neste contexto. Tivemos uma lei de alteração do tabaco que não chegou a ser aprovada. Foi uma lei que ficou parada dada a dissolução do parlamento. E o rastreio que não avança”, disse António Morais.
Ora, entre associação e Governo a discussão está instalada. Mas, independentemente da discussão, há um financiamento que Portugal perdeu. Ou deverá dizer-se mais um financiamento? Como noticiava o Expresso no fim do ano: "PT2020 tem mais mil milhões de euros de fundos da coesão por executar até ao final de 2023". Neste caso particularmente inexplicável, tanto pela taxa de incidência do cancro do pulmão, como pelo facto de, em novembro do ano passado, ter sido anunciado o alargamento dos programas de rastreio oncológico aos cancros do pulmão, da próstata e do estômago que acabaram por ser incluídos no Orçamento do Estado para 2024.
*Com Lusa
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