“As mulheres negras são historicamente a categoria mais desprotegida e há uma naturalização do facto de serem muito mal remuneradas, com emprego prego precário e informalidade contratual”, afirmou a fundadora, referindo-se ao trabalho a dias.
Um facto que só tem o impacto que tem porque “é útil” ter uma mulher em casa duas vezes por semana que organize tudo, “sem que alguém olhe para ela como um ser humano com necessidades”, defendeu.
“É esta invisibilidade que tem feito andar o sistema capitalista”, declarou, considerando que são as mulheres negras que estão “na base da pirâmide”.
Com a criação do instituto pretende-se fixar um espaço de valorização dos conhecimentos e partilha de experiências. “Um espaço que nos é historicamente recusado”, frisou.
A nova entidade é composta sobretudo por mulheres negras, com formação superior ou trabalho desenvolvido em áreas específicas para pôr os conhecimentos ao serviço das necessidades que as mulheres negras têm no dia-a-dia, da educação ao acesso à cultura.
O instituto vai promover iniciativas de intervenção social e funcionará com oito departamentos, das artes à cultura e espetáculos até à educação e infância.
“Estas mulheres andam onde nós andamos todos os dias, estão onde nós estamos”, disse quando questionada sobre a forma de chegar a estas comunidades.
Mesmo entre as mulheres com formação académica se verifica “alguma invisibilidade”, disse a dirigente, referindo-se à situação profissional e financeira: “Apesar das nossas habilitações, continuamos a não ser reconhecidas como agentes de conhecimento, o que faz com que não exista uma grande diferença entre nós (fundadoras) e as outras mulheres, que são as nossas mães, as nossas irmãs, as nossas amigas”.
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