Além de Caetano Reis e Sousa, que lidera um grupo de investigação no Instituto Francis Crick em Londres, o prémio, um dos mais conceituados na área da Medicina, foi atribuído a Silvia Arber, professora de Neurobiologia na Universidade de Basel, na Suíça.
Segundo o comité, ambos foram escolhidos por conduzirem “investigação biológica fundamental que se espera que tenha um impacto relevante na medicina”.
Em declarações à agência Lusa, Caetano Reis e Sousa, especialista em imunologia, manifestou-se “feliz por receber este prémio”, para o qual foi nomeado sem saber.
“Não sabia de nada, porque eles não informam as pessoas que são nomeadas. Recebi um telefonema do secretário do comité do prémio [a revelar que tinha ganho] e não estava nada à espera”, confessou.
O prémio, vincou, “visa contemplar o trabalho da minha equipa ao longo dos anos” e “é uma forma de reconhecer a nossa contribuição em termos de investigação fundamental em biologia com aplicação prática no campo da medicina”.
Dos cerca de 653 mil euros que vai receber, 583 mil terão de ser aplicados diretamente no trabalho, financiamento que o cientista prevê que será usado para “contratar pessoal, comprar reagentes e talvez algum equipamento que seja preciso”.
Nascido em 1968 em Lisboa, Caetano Reis e Sousa mudou-se para o Reino Unido em 1984, onde terminou os estudos secundários antes de estudar Biologia no Imperial College, em Londres, e um doutoramento em Imunologia em Oxford, tendo também trabalhado nos EUA.
Em 1998, voltou ao Reino Unido, onde lidera um grupo que tem estudado “a maneira como o sistema imunitário responde à presença de uma infecção ou ao desenvolvimento de um tumor”.
“Os nossos esforços neste momento centram-se sobretudo na análise das células dendríticas, que são glóbulos brancos que detectam sinais de infecção ou sinais de transformação, que é o processo que leva ao cancro”, explicou.
O cientista português, vencedor de diversos prémios e distinções como a Ordem portuguesa de Sant’Iago da Espada, salientou que a sua equipa faz investigação sobre o funcionamento do organismo, mas não é responsável pela aplicação prática do trabalho.
“Nós dedicamo-nos sobretudo a determinar quais são os processos fundamentais usados pelo sistema imunitário que depois podem ser talvez explorados no âmbito de criar novas terapias ou vacinas”, concluiu.
O prémio Louis-Jeantet de Medicina distingue investigadores científicos a trabalhar em países membros do Conselho da Europa e “não se destina a celebrar trabalhos concluídos, mas a financiar projetos inovadores com alto valor acrescentado e impacto prático mais ou menos imediato no tratamento de doenças”.
Foi criado em 1986 pela Fundação estabelecida em 1982, um ano após a morte do empresário francês Louis-Jeantet, que legou a sua fortuna à investigação biomédica.
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