
"A Infraestruturas de Portugal (IP) não foi informada pelo Consórcio Adjudicatário da intenção de introduzir quaisquer alterações à proposta que apresentou ao concurso", pode ler-se numa resposta a questões da Lusa, na sequência de uma proposta que vai ser votada na quinta-feira pelos órgãos municipais de Vila Nova de Gaia.
A IP relembra ainda que o contrato de concessão da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto (Campanhã) e Oiã, que foi adjudicado ao Consórcio Lusolav no dia 10 de outubro de 2024, ainda não foi outorgado, pelo que o mesmo ainda não começou a produzir efeitos".
Em causa está uma proposta de alteração do consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.
A Câmara do Porto também disse hoje desconhecer a proposta para fazer duas pontes.
Segundo documentos a que hoje a Lusa teve acesso, as alterações irão a votação numa reunião extraordinária da Câmara de Gaia que se realiza na quinta-feira às 16:00, bem como numa Assembleia Municipal no mesmo dia às 21:00.
Em janeiro, e na sequência perguntas da Lusa, a IP disse que não tinha "conhecimento da intenção do consórcio de alterar qualquer aspeto da proposta apresentada a concurso", que respeitava "integralmente todos as condições previstas".
"Após a entrada em vigor do contrato de concessão os projetos das estações incluídas no Troço Porto (Campanhã)-Oiã, nomeadamente da Estação de Campanhã e da Estação de Gaia (Sto. Ovídio) terão de ser aprovados pela IP", assegurou também então.
Entre dezembro e março, a Lusa questionou sucessivamente o consórcio LusoLav acerca de alterações de traçado, incluindo uma possível mudança da localização da estação de Gaia, mas nunca obteve resposta.
Segundo noticiou hoje a Lusa, com base em documentos municipais, relativamente à estação "é proposta uma alteração da localização anteriormente prevista - Santo Ovídio -, que constava dos estudos elaborados pela IP e que serviram de base ao concurso, deslocando a estação cerca de 2km para sul".
"A nova localização proposta para a Estação de Vila Nova de Gaia fica compreendida entre a Rua da Junqueira de Cima (a norte e poente), a Rua e Travessa do Guardal de Cima (a sul) e a Travessa de Belo Horizonte (a nascente)", na zona de São Caetano, em Vilar do Paraíso.
Além de um conjunto de acessbilidades rodoviárias, a proposta inclui "o prolongamento da linha Rubi, desde Santo Ovídio até à Estação de Alta Velocidade (lado poente)", com custos repartidos entre o consórcio (obra pesada) e a Metro do Porto (instalação da linha e dos respectivos equipamentos).
Quanto à travessia do Rio Douro, "a solução agora apresentada volta a separar, em duas pontes distintas, o modo ferroviário e o modo rodoviário", pode ler-se nos documentos.
Os mesmos apontam que "o consórcio sustenta essa opção na necessidade de redução do risco de financiamento, redução do risco de incumprimento do prazo e na clara separação das futuras responsabilidades de manutenção de cada uma das pontes".
A proposta do consórcio implica ainda menos construção em túnel, pois "no projeto que consta do Estudo Prévio, a maior parte da extensão da linha no concelho de Vila Nova de Gaia encontra-se prevista em túnel, feito em escavação subterrânea, com menor impacto à superfície", com 9,2 quilómetros em túnel do total de 12 quilómetros percorridos no concelho.
Porém, na alteração proposta pelo consórcio a que a Lusa teve acesso, preveem-se 3.494 metros de túneis mineiros, 1.666 metros em túneis do tipo 'cut & cover', 940 metros em aterros, 5.264 metros em escavação e 1.524 metros em muros.
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