O “Cockpit Voice Recorder" (CVR), que regista as conversas entre pilotos e os ruídos no avião, e o "Flight Data Recorder" (FDR), que indica todos os parâmetros de voo (velocidade, altitude, situação dos motores, trajetória, etc.), devem ser enviados para o BEA, perto de Paris, “onde os trabalhos se deverão iniciar em 20 de julho”, afirmou no Twitter o organismo francês.
Esta prestação técnica efetua-se no âmbito de um “inquérito de segurança dirigido pelo Irão”, precisou.
A causa da catástrofe que provocou a morte dos 176 passageiros e tripulantes do Boeing 737 da companhia Ukraine International Airlines, na maioria iranianos e canadianos, acabou por ser confirmada pelas Forças Armadas iranianas, que em 11 de janeiro reconheceram ter abatido “por erro” três dias antes o aparelho que acabava de deslocar de Teerão com destino a Kiev.
No entanto, a análise dos registos de voo originou um contencioso diplomático entre o Canadá, a Ucrânia e o Irão.
Há meses que Otava reclama que o Irão, sem meios técnicos para extrair e decifrar os dados das caixas negras, as envie para o estrangeiro, onde seriam analisadas.
No início de junho, a agência oficial iraniana Irna tinha reafirmado que Teerão estava preparado para enviar essas caixas negras ao estrangeiro, apesar de considerar que não forneciam “nenhuma ajuda específica” ao inquérito.
Na segunda-feira, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, indicou que esse material seria enviado para França “nos próximos dias”.
O Irão, alvo de duras sanções económicas por Washington, tinha anunciado logo após o desastre que recusava enviar as caixas negras para os Estados Unidos, apesar de o avião e os motores serem de origem norte-americana.
No mundo, poucos laboratórios possuem capacidade técnica para reparar os registadores danificados e extrair os seus dados. Para além do NTSB norte-americano o BEA francês inclui-se entre os mais reputados nesta área.
O organismo francês extraiu designadamente os dados das “caixas negras” do Boeing 737 MAX das linhas aéreas etíopes, que se despenhou em 10 de março de 2019 (189 mortos) e do Airbus A320 da Pakistan International Airlines em 22 de maio passado (97 mortos).
No dia do acidente com o Boeing ucraniano, as defesas aéreas do Irão estavam em estado de alerta elevado após a República islâmica ter disparado mísseis em direção a uma base iraquiana onde permaneciam soldados norte-americanos, em represália pelo assassinato em 03 de janeiro do poderoso general iraniano Qassem Soleimani num ataque de drones norte-americanos em Bagdad.
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