"O meu colega iraquiano disse que não se oporão a qualquer exigência da lei para que a investigação possa ser concluída", disse em Nova Iorque o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, no final de uma reunião em Nova Iorque com o seu homologo iraquiano, Ibrahim Al-Jaafari.
"Decidimos que o Iraque enviará um enviado especial, um alto-funcionário dos Negócios Estrangeiros, a Lisboa até ao princípio de outubro com mandato suficiente para que se tome uma decisão final", adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros português.
Os filhos do embaixador do Iraque em Lisboa estão a ser investigados num caso de espancamento em Ponte de Sor em agosto, que provocou ferimentos muito graves a um jovem de 15 anos.
Santos Silva insistiu durante o encontro, à margem da Assembleia-Geral da ONU, no pedido de levantamento da imunidade diplomática dos filhos do embaixador do Iraque em Portugal feito a 25 de agosto, na sequência das agressões.
"É claro (...) para o Ministério dos Negócios Estrangeiros que a única atitude que esperamos do lado iraquiano é o levantamento da imunidade diplomática. Esperamos que o governo do Iraque não coloque obstáculos à nossa investigação para que a verdade possa ser apurada", disse.
Santos Silva defendeu que "do ponto de vista do governo português, esta questão tem de ser resolvida já" e que o seu limite temporal eram as próximas duas semanas, quando já estão agendadas as habituais conversas políticas entre os dois países.
Santos Silva comunicou ao seu colega que, caso o levantamento da imunidade não aconteça nesse prazo, "utilizará os meios previstos na convenção de Viena", nomeadamente a declaração de certos indivíduos como "persona non grata.'
No dia 17 de agosto, Rúben Cavaco, de 15 anos, foi agredido em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, pelos filhos do embaixador do Iraque em Portugal, gémeos de 17 anos.
O jovem sofreu múltiplas fraturas, tendo sido transferido no mesmo dia do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tendo chegado a estar em coma induzido. O jovem acabou por ter alta hospitalar no passado dia 02.
Augusto Santos Silva garantiu que o seu homólogo iraquiano "insistiu durante a conversa que este era um acidente muito infeliz, que apresentava desculpas e que esperava que nada afetasse as relações entre Portugal e o Iraque."
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