O embaixador da Turquia em Bagdad, Fatih Yildiz, foi novamente convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e recebeu uma carta de protesto com “as expressões mais fortes”, segundo um comunicado do ministério iraquiano.
Na terça-feira, a Turquia destacou forças especiais para regiões do Curdistão iraquiano (norte) no quadro de uma rara operação terrestre e aérea designada “Garras de tigre” contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, formação turca separatista curda) que dispõe de bases de retaguarda nas zonas montanhosas da zona.
As autoridades iraquianas pediram a Ancara para “acabar com estes atos de provocação” e “retirar os seus soldados que se infiltraram no território iraquiano”, indicaram os Negócios Estrangeiros.
A operação de Ancara foi lançada após ataques aéreos realizados no domingo pela aviação turca sobre posições do PKK no Iraque.
Bagdad convocou depois o embaixador turco para protestar contra os ataques. Fatih Yildiz respondeu na altura que o seu país continuaria a sua ação contra o “terrorismo”, enquanto Bagdad não expulsasse o PKK, considerado uma organização “terrorista” por Ancara, Washington e a União Europeia.
Na terça-feira, o ministério iraquiano precisou que a carta de protesto tinha sido entregue pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e não pelo ministro como acontece habitualmente, mas o comunicado de hoje não indica quem recebeu o embaixador.
O chefe da diplomacia iraquiana, Fuad Hussein, é um curdo, muito próximo de Massud Barzani, o líder histórico do Curdistão iraquiano. Este ainda não fez qualquer comentário sobre a questão.
A região autónoma do Curdistão iraquiano também não reagiu ainda publicamente à operação turca. As autoridades curdas do Iraque e o PKK disputam a influência no seio dos curdos do Médio Oriente.
Para os especialistas, é improvável que a Turquia tenha lançado a sua operação “Garras de Tigre” sem ter informado o poder central em Bagdad e as autoridades curdas em Erbil, a capital do Curdistão iraquiano.
Os comandos turcos chegaram de helicóptero a uma dezena de localidades na província de Dohuk, nas fronteiras da Síria, Turquia e Iraque.
A guerrilha do PKK contra o poder de Ancara desde 1984 causou mais de 40.000, incluindo numerosos civis.
Os curdos serão entre 25 e 35 milhões de pessoas, que ocupam uma zona de perto de meio milhão de quilómetros quadrados e estão distribuídos entre a Turquia, o Iraque, a Síria e o Irão.
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