Acusado de homicídio e preparação de atos terroristas, Ali Harbi Ali, de 26 anos, foi descrito pelo procurador público, Tom Little, como um “terrorista islamista fanático e radicalizado”.
Além de homicídio, também vai ser julgado por preparar atos de terrorismo entre 01 de maio de 2019 e 28 de setembro de 2021.
Segundo o procurador, o arguido estava “determinado há vários anos a realizar um ato de terrorismo” em solo britânico pelo menos desde maio de 2019, quando realizou pesquisas para atacar deputados, tendo identificado o escritório e morada pessoal de Michael Gove.
David Amess, deputado conservador de 69 anos e pai de cinco filhos, morreu em 15 de outubro, assassinado enquanto se encontrava com eleitores numa igreja metodista em Leigh-on-Sea, em cerca de 60 quilómetros a leste de Londres.
“Não foi nada menos do que um homicídio motivado por terrorismo”, afirmou o procurador.
Detido no local do homicídio, Ali Harbi Ali, alega estar inocente.
Nascido e criado em Londres numa família de origem somali, Ali tinha, segundo a comunicação social britânica, concluído recentemente um programa para prevenir a radicalização, e não era considerado perigoso pelos serviços de segurança.
Após esfaquear a vítima, o acusado disse “eu matei-o, eu matei-o”, e advertiu duas testemunhas, que estavam a chegar para a próxima reunião, para que não se aproximassem porque, caso contrário, ele esfaqueá-las-ia também.
Depois, justificou o seu ato, referindo que era “por causa da Síria”, “os inocentes” e “os bombardeamentos”.
Recusando-se a largar a arma, disse que preferia ser morto, “morrer” e “ser um herói”.
O julgamento vai decorrer ao longo de três semanas no tribunal de Old Bailey, em Londres, onde o arguido se apresentou hoje vestido de preto.
O Reino Unido registou vários ataques com facas por ‘jihadistas’ nos últimos anos, alguns reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, o que não aconteceu com a morte de David Amess.
O nível de risco de terrorismo foi elevado para “grave” um mês após o homicídio de David Amess, após a explosão de um táxi em frente a um hospital em Liverpool, no norte da Inglaterra, que considerado pela polícia como um atentado.
Desde então, o nível de risco desceu para “substancial”.
O homicídio de David Amess, deputado desde 1983, reacendeu o trauma da morte da deputada trabalhista Jo Cox em junho de 2016, quando foi assassinada e esfaqueada várias vezes por um ativista de extrema direita, Thomas Mair, de 53 anos, uma semana antes do referendo sobre a saída da União Europeia (UE).
As duas tragédias resultaram em apelos para reforçar a segurança das autoridades aos políticos e acalmar o tom do debate político, que se acentuou desde as discussões em torno do Brexit.
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