O primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, descreveu o anúncio do governo da Austrália, liderado pelo trabalhista Anthony Albanese, como “uma resposta precipitada à desinformação na imprensa”.
“Só podemos desejar ao governo australiano que lide com os seus outros assuntos com mais seriedade e profissionalismo”, acrescentou Lapid, num comunicado.
“Jerusalém é a capital eterna e unida de Israel e nada vai mudar isso”, acrescentou o primeiro-ministro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel convocou o embaixador australiano em Telavive, Paul Griffiths, para uma reunião que deverá decorrer ainda hoje.
“A questão do estatuto final de Jerusalém deve ser resolvida por meio de negociações de paz entre Israel e o povo palestino”, disse hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, numa conferência de imprensa.
Wong também sublinhou que o novo governo, eleito em maio, após nove anos de executivo conservador, não pretende transferir para Jerusalém Ocidental a embaixada australiana, que irá manter-se em Telavive.
“A Austrália está comprometida com uma solução de dois Estados na qual Israel e um futuro Estado palestino coexistam, em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”, disse, antes de afirmar que não apoiará “uma abordagem que prejudique essa perspetiva”.
O então primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou em novembro de 2018 que o país iria reconhecer Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, mas que não iria mudar a embaixada até que existisse um acordo de paz com a Palestina.
“Sei que isso causou conflitos e confusão no seio de parte da comunidade australiana, e hoje o governo está a tentar resolver isso”, disse Penny Wong.
A ministra acusou o governo de Scott Morrison de tomar a decisão para tentar ganhar uma eleição crucial num subúrbio de Sydney com uma grande comunidade judaica.
“Foi um jogo cínico e malsucedido”, disse Wong.
A decisão de 2018 também causou consternação na vizinha Indonésia — o país com o maior número de muçulmanos no mundo –, levando à suspensão temporária de um acordo de livre comércio com a Austrália.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a tomar esta decisão, em dezembro de 2017, que rompeu com décadas de consenso internacional sobre a Cidade Santa, cuja parte oriental é ocupada por Israel desde 1967 e reivindicada pelos palestinianos como capital do seu Estado.
O anúncio da decisão do então Presidente norte-americano, Donald Trump, foi seguido por declarações semelhantes de outros países, como a Guatemala, o Paraguai, a República Checa, o Kosovo e as Honduras.
A maioria dos países, incluindo Portugal, mantém as suas embaixadas em Telavive.
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