Pelas 12:00, os trabalhadores concentraram-se em frente ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, ao som de aplausos, enquanto apelavam ao pagamento dos salários.
"O motivo mais emergente foi o não pagamento de salários. Fomos informados, no final da semana passada, pelo acionista privado, por 'e-mail' direto que não tinham dinheiro para pagar", precisou, em declarações à Lusa, um dos membros da comissão de trabalhadores, José Luís Teixeira, notando, que, até ao momento, não têm previsão para a liquidação das verbas em causa.
Segundo este responsável, além do salário de fevereiro os trabalhadores da Groundforce (que presta serviços de terra no aeroporto) estão "há muito tempo a aguentar a austeridade", com progressões e subsídios de férias por validar.
"Estes trabalhadores têm direitos e merecem ser ouvidos", vincou.
Por sua vez, Carlos Pinto, que pertence ao movimento SOS ‘handling’, que convocou a manifestação, lembrou que, pelo menos, 1.200 colaboradores da empresa já foram despedidos entre março e abril de 2020, devido à falta de dinheiro.
“Percebemos que não há ninguém nos aeroportos, mas […] queremos que o privado saia e que o Governo se responsabilize”, afirmou.
Carlos Pinto apelou ainda que na próxima reunião com o executivo, agendada para esta tarde, seja resolvida, “de imediato” a situação dos salários em atraso, mas que também seja preparado o futuro da empresa.
Outro membro do SOS ‘handling’, José Sá teceu ainda críticas à postura do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), que tem entre os sindicalizados a maior parte dos colaboradores da Groundforce, pela negociação direta com a administração da empresa e com o Governo, sem convocar um plenário com os trabalhadores.
“Este sindicato já não realiza plenários nesta empresa há mais de três meses”, lamentou, defendendo ainda que a direção sindical está “cristalizada” e burocratizada.
Neste sentido, o movimento reuniu mais de 200 assinaturas, que vão ser enviadas ao Sitava, para que, ao abrigo dos estatutos do sindicato, sejam realizados plenários.
José Sá notou ainda que os trabalhadores estão “muito preocupados” face às penalizações impostas pelo executivo aos privados, alertando que, como acionista maioritário da TAP, cabe ao Governo o pagamento de todos os salários, não só da transportadora, mas também das empresas com atividades associadas.
“Da empresa não esperamos quaisquer garantias, esperamos do Governo, que deu 1.200 milhões de euros à TAP no ano passado e mais 500 milhões de euros este ano […]. A TAP é feita de mais de 12 mil pessoas, incluindo a Groundforce”, disse.
Os trabalhadores da empresa têm já agendada para a próxima segunda-feira uma nova manifestação, que vai partir do Aeroporto Humberto Delgado em direção à sede da Groundforce.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) denunciou, na sexta-feira, que os cerca de 2.400 trabalhadores da Groundforce estavam a ser informados pela empresa de que os salários de fevereiro não vão ser pagos nos próximos dias.
Na carta endereçada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, o presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, disse que a empresa não está em condições de pagar de momento os salários de fevereiro sem que esteja concluído o processo de empréstimo bancário.
O presidente da empresa afirmou que até agora a Groundforce tem conseguido sobreviver com o apoio da TAP, cumprindo as obrigações mínimas através de adiantamentos sobre serviços a prestar no futuro.
No entanto, "o Conselho de Administração da TAP informou não lhes ser possível conceder este auxílio que, acreditamos, seria o último antes da contratualização do empréstimo bancário com garantia de Estado", referiu Alfredo Casimiro na carta.
(Notícia atualizada às 15:14)
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