De acordo com o investigador do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra Pedro Correia, este fóssil raro de barata corresponde a uma nova espécie, que levou o nome "Poroblattina anadiensis".

“O nome específico "anadiensis" deriva da localidade tipo onde foi descoberto o novo fóssil na região de Algeriz”, no concelho de Anadia, distrito de Aveiro.

Segundo Pedro Correia, esta barata ancestral das baratas atuais pertenceu a um grupo já extinto, conhecido vulgarmente como "roacóides", que tinha uma particularidade de possuir um ovipositor.

“Este inseto fóssil pertence a um grupo extinto de baratas parasitóides e ancestral das baratas modernas que existiu no final do Paleozóico, durante o período Carbónico”, acrescentou.

O investigador explicou que as baratas parasitóides estão entre os insetos alados (com asas) mais antigos que viveram nas grandes florestas tropicais do Carbónico, chamadas de Florestas de Carvão.

“Os ovipositores foram uma estratégia evolutiva para os dictópteros primitivos obterem uma fonte segura de alimento para as suas crias, mas também permitir a sua segurança contra potenciais predadores. É possível também que um clima progressivamente mais quente e seco que caracterizou a região do Buçaco, no final do período Carbónico, tenha conduzido ao aparecimento de grupos específicos de insetos, tais como os dictópteros, a desenvolver órgãos ovipositórios”, afirmou o paleontólogo.

O novo fóssil, uma asa com cerca de dois centímetros de comprimento, foi descoberto no âmbito do programa Verão com Ciência, da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que possibilita a jovens estudantes universitários iniciarem-se na investigação científica.