Nascida no coração da maior floresta tropical do mundo, os rios da Amazónia correm-lhe nas veias. Jani Silva respira o território que lhe dá vida e, por isso, não quer a sua morte. Com apenas 16 anos, lançou-se na defesa da terra com os campesinos da região de Putumayo, uma área de biodiversidade única, localizada no sul da Colômbia. O tempo foi passando e o compromisso foi sendo renovado, uma vez que as ameaças avançaram sem dar tréguas.

Um dos riscos para a preservação dos ecossistemas escreve-se em tons de negro. A indústria petrolífera entrou em áreas da reserva de Putumayo, em 2006, e já se registaram pelo menos dois derrames de petróleo, em nascentes de água das quais dependem as comunidades locais. Para responder aos perigos, defender a reflorestação e promover o empoderamento de jovens, Jani Silva fundou a Associação para o Desenvolvimento Integral e Sustentável da Pérola Amazónica. Só que o trabalho pacífico que tem desenvolvido tem enormes riscos.

Maratona de Cartas

A Maratona de Cartas é o maior evento de ativismo da Amnistia Internacional.

Todos os anos, a Amnistia Internacional envia centenas de milhares de cartas e assinaturas em defesa de pessoas em risco.

Os casos sinalizados têm um objetivo muito concreto, pelo que as assinaturas nas petições são enviadas às autoridades dos países visados para que a mudança ocorra.

A nível mundial, a Maratona de Cartas atingiu na edição passada um novo valor recorde, com mais de 6,5 milhões de assinaturas.

Saiba mais no site.

Haverá imagem mais perturbante do que a de uma arma encostada à cabeça? Será prudente continuar a arriscar a própria vida quando desconhecidos rondam a casa onde vive? Tudo isto já foi sentido na pele por Jani Silva, que mesmo assim rejeita desistir, apesar destas e outras ameaças que chegam de empresas com interesses na região, grupos ilegais, traficantes de droga ou até mesmo militares que estigmatizam as comunidades rurais, considerando-as cúmplices de guerrilhas. “Eu continuo porque não podemos fugir ou deixarmo-nos vencer pelo medo”, diz sem hesitar.

Dar de volta

Respire fundo. E para continuar a respirar, precisamos de proteger o nosso planeta. E para proteger o nosso planeta, precisamos de proteger pessoas como Jani Silva.

Em vésperas do Dia Internacional do Voluntário, retribuímos o seu trabalho pacífico pelas comunidades rurais da Amazónia, sem esquecer todos os defensores dos direitos ambientais atacados, perseguidos e mortos na Colômbia.

É urgente garantir que Jani Silva possa continuar a promover modos de vida tradicionais, em harmonia com a vida natural de um dos ecossistemas mais vasto e rico do mundo. É urgente protegê-la porque, amanhã, como faz todos os dias, vai acordar às 5h30, lançar-se à terra, algumas vezes descalça, e trabalhar com centenas de campesinos.

Em tempos de pandemia, este apelo é ainda mais importante, pois a covid-19 colocou os defensores de direitos humanos numa situação mais vulnerável, ocultando os contextos violentos que enfrentam e a falta de proteção. Jani Silva precisa de saber que não está sozinha. Com a sua ação, pressionaremos as autoridades da Colômbia para que protejam todos os membros da Associação para o Desenvolvimento Integral e Sustentável da Pérola Amazónica, para que possam continuar a defender os recursos naturais de que todos dependemos.

A vida de Jani Silva confunde-se com a Amazónia até nas ameaças. Mas é possível proteger ambas.