"Estamos convencidos de que o povo português, tendo em conta o caráter destas eleições legislativas de setembro, bem diferente da especificidade das eleições para o PE - estas são eleições para Assembleia da República, para deputados, para ver a politica nacional, as propostas que cada um tem a fazer - estas eleições devem ser uma mensagem clara do povo português, de que o caminho é avançar e não retroceder, naturalmente com a distribuição de deputados necessária para que isso se concretize, onde, com certeza, contará a CDU", disse Jerónimo de Sousa.
"Quanto à solução politica, tem de resultar dos resultados eleitorais. Aquilo que posso avançar, sem fazer futurologia, é que, da parte do PCP e da CDU há uma ideia central já assumida: em relação àquilo que for discutido na Assembleia da República, para tudo o que for bom para os trabalhadores, para o povo e para o país, nenhum voto da CDU faltará. E nenhum voto contra da CDU faltará, caso essas medidas sejam lesivas dos interesses dos trabalhadores, do povo e do país", acrescentou.
Questionado pelos jornalistas, o líder comunista, que falava no final de uma visita ao Espaço Educativo "A Voz do Operário", na Baixa da Banheira, concelho da Moita, distrito de Setúbal, disse também compreender por que razão o primeiro-ministro, António Costa, considera que o `namoro´ com o PCP não pode acabar em casamento (participação do PCP num futuro Governo).
"Aquilo que podemos dizer é que, para o Partido Socialista, o PCP é bom quando dá uma contribuição positiva para os avanços, para as conquistas; o PCP não é bom porque está contra as propostas do PS em relação à legislação laboral, em relação à submissão e às imposições da União Europeia, em relação ao tratamento de luxo à banca e aos banqueiros, argumentando, em contrapartida, que não há dinheiro para o investimento público e para resolver os problemas no serviços públicos, designadamente na saúde", acentuou.
"Aí, creio que o PS e o primeiro António Costa explicitam bem: o PCP não é bom, porque diverge de conceções profundamente injustas, negativas, num país que se quer livre, soberano e a resolver os problemas do seu povo. Temos de facto esta visão diferente. Há coisas que para o PCP seriam importantes, para o Partido Socialista não", sublinhou Jerónimo de Sousa.
Na visita que efetuou ao Espaço Educativo `A Voz do Operário´ da Baixa da Banheira, antecipando as comemorações do Dia Mundial da Criança (01 de junho), Jerónimo de Sousa, salientou também o contributo dado pelo PCP para um conjunto de medidas aprovadas na atual legislatura pelo governo do PS, com o contributo do PCP e da CDU, como a gratuitidade manuais escolares, os passes intermodais gratuitos para crianças até aos 12 anos, bem como o alargamento e a bonificação do abono de família, medida que, segundo Jerónimo de Sousa, "abrange um milhão de crianças".
O secretário-geral do PCP salientou, no entanto, que é preciso ir mais longe, designadamente na "gratuitidade das vacinas", que são aconselhadas, mas que, por vezes, custam cerca de 500 euros, valor que disse ser incomportável para muitas famílias.
Lembrando que o país tem um problema demográfico, Jerónimo de Sousa defendeu ainda a necessidade de uma melhoria dos salários, dos horários e dos vínculos laborais dos pais, para garantir que têm condições para acompanhar os filhos, para que estes possam efetivamente crescer felizes.
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