Jerónimo de Sousa, num jantar-comício no Salão do Povo de Sines, lamentou ainda que o elenco governativo liderado por António Costa, quando acedeu a várias das iniciativas legislativas de comunistas ou ecologistas, tenha manifestado quase sempre renitência ou oposição inicial, na maioria das vezes.
"Há amigos socialistas que, muitas vezes, nos dizem ‘epá, vocês criticam muito o PS'. E eu pergunto, criticamos com que razão? Criticamos quando o PS se põe do lado do capital, do lado de uma multinacional para complicar a vida ao setor do táxi, em relação aos milhões e milhões que vão para as Parcerias Público-Privadas (PPP), aos milhares de milhões que vão para a banca, para os banqueiros e esta questão da legislação laboral que aprovou, à pressa, nos últimos dias, que vai complicar a vida aos trabalhadores, particularmente das futuras gerações", disse.
Segundo o líder do PCP, "o Governo do PS alinhou em muitas propostas, mas foi sempre, ali, de contra-vontade, sempre a primeira resposta era não, a segunda era de resistência e, depois de meses, às vezes, de discussão, lá concordava com a medida".
"Há um PS que, nesta matéria, se identifica com os interesses dos poderosos e por isso a nossa crítica. Muitas vezes nos perguntam, ‘mas vocês estão lá na Assembleia [da República], apoiam o Governo, e depois vêm cá para fora criticar? Nós dizemos, sempre que o PS procurou defender os interesses dos trabalhadores e reformados e pensionistas, alinhando nas nossas propostas, teve o nosso apoio. O que não podemos apoiar é aquilo que eles fazem contra os trabalhadores e os reformados", explicou.
Ainda sobre as alterações ao Código do Trabalho, entretanto alvo de pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade, Jerónimo de Sousa justificou a atitude do PS com a submissão Às imposições de Bruxelas, à semelhança do conceito de "contas [públicas] certas".
"O PS aprova esta legislação laboral não por raiva ou ódio aos trabalhadores. É porque se submete às orientações da União Europeia, do euro e do grande capital. Eles andam aí agora a falar de contas certas, ‘endireitámos as contas do país'. Contas certas com quem? Com a banca, os banqueiros, os grandes grupos económicos, com setores da União Europeia que determinam, através do Programa de Estabilidade, condições leoninas que dificultam o nosso desenvolvimento", lastimou.
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