No Porto, numa intervenção no âmbito da apresentação da primeira candidata da CDU por este círculo eleitoral às legislativas, Diana Ferreira, o líder comunista alertou para a necessidade de ser “conseguido um resultado nas eleições de 06 de outubro” que “não faça voltar para trás o que foi conseguido nesta legislatura”.
“A operação de chantagem, com a ameaça de demissão do Governo neste final da legislatura, confirma que o PS, tal como o PSD e o CDS, não hesitará, criadas as condições e mudadas as circunstâncias, em retomar a sua política de sempre de transferência para as costas do povo de toda e qualquer dificuldade ou crise que surja”, considerou Jerónimo de Sousa.
Perante uma plateia com cerca de 200 pessoas, o secretário-geral do Partido Comunista considerou ainda que a ameaça de demissão feita pelo primeiro-ministro, o socialista António Costa, no âmbito da votação do descongelamento da carreira dos professores, deixou à vista outros riscos, “mantendo a colagem à direita”.
“É uma iniciativa que mostra também, por antecipação, que não será pela mão do PS que este caminho de avanços na defesa de reposição e conquista de direitos prosseguirá, tal como é evidente que se o PS tiver as mãos completamente livres, o que foi alcançado corre sério risco de voltar para trás, da mesma forma que andaria com o PSD e o CDS, se reunissem condições para tal”, disse Jerónimo de Sousa.
Afirmando estarem “confiantes num bom resultado” nas próximas eleições legislativas em nome do que “foi conseguido nos últimos quatro anos”, o secretário-geral frisou que “não há vencedores antecipados por muito que alguns o reclamem”.
Nunca mencionando ao longo da sua intervenção o acordo à esquerda que permitiu a aprovação de quatro Orçamentos do Estado, Jerónimo de Sousa salientou que esta “legislatura mostra o quão falso é pensar-se que as eleições são para eleger um primeiro-ministro”.
A deputada Diana Ferreira, que lidera a lista da CDU no círculo eleitoral do Porto, elencou os “ganhos conseguidos” pela coligação na legislatura, mas, aqui chegados, pediu mais, nomeadamente o “aumento do salário mínimo nacional para os 850 euros” e a “melhoria dos serviços públicos”, para que “respondam às necessidades das populações”.
Em 03 de maio, o primeiro-ministro disse ter comunicado ao Presidente da República que o Governo se iria demitir caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores fosse aprovada em votação final global.
Sete dias depois, António Costa afastou o cenário da ameaça de demissão do Governo, considerando que constituiu uma vitória da responsabilidade a reprovação do diploma que pretendia contabilizar a totalidade do tempo de serviço dos professores.
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