O líder comunista falava à agência Lusa no final de uma manifestação/comício de “Solidariedade com a Palestina”, que decorreu na praça do Martim Moniz, em Lisboa, organizada conjuntamente pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN), Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Jerónimo de Sousa, que apenas participou no evento e não chegou a fazer qualquer intervenção, criticou o executivo de António Costa por “balançar e navegar” nas posições “hipócritas” que têm marcado as sucessivas administrações dos Estados Unidos em relação ao conflito israelo-palestiniano.

“Como membro da ONU, bastava [a Portugal] respeitar a orientação da instituição. Bastava isto. Cumprissem as diretivas no posicionamento, não só na solidariedade, mas também na defesa da paz, procurando assim contribuir para a resolução de um conflito que está longe de ter fim”, afirmou o líder do PCP.

“Vemos também que o Presidente dos Estados Unidos [Joe Biden] nesta posição que tenta embrulhar numa certa reconsideração hipócrita e, simultaneamente, o Governo português, que balança nestas posições, que navega nestas águas, assumindo essa identificação inaceitável em que põe os dois [Israel e Palestina] ao mesmo nível”, sustentou.

“O povo palestiniano quer é paz, quer a sua pátria. Israel quer alargar a sua influência geoestratégica. Creio que não é saudável nem boa a posição do Governo português”, acrescentou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista reiterou que a resolução das Nações Unidas – direito do povo palestiniano à autodeterminação e a independência, com vista à criação do Estado da Palestina com a capital em Jerusalém – tem de ser cumprida e que tem de pôr termo ao conflito israelo-palestiniano.

“É uma situação que não é nova, que tem décadas, tendo em conta o que o Estado de Israel sempre procurou, pela violência da guerra, da vitimização, de muitos homens, mulheres e crianças que conheceram o que é essa bestialidade da ofensiva da Israel”, referiu, para justificar a presença na manifestação/comício.

“A nossa presença aqui é solidária, mas, simultaneamente, de exigência, em conformidade com o Direito Internacional, com decisões da própria ONU. Que seja respeitado esse direito do povo palestiniano ter direito à sua pátria, a viver em paz na sua própria pátria, no seu próprio país”, acrescentou.

“E isso, infelizmente, não tem acontecido, com a desobediência sistemática por parte de Israel a esse direito internacional, a esse posicionamento. Infelizmente, vemos a UE [União Europeia], de uma forma hipócrita, a tentar responsabilizar tanto o agressor como o agredido.

Domingo, em Vila Franca de Xira, numa intervenção no encerramento do Congresso da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), Jerónimo de Sousa já tinha exigido ao Governo português “uma posição clara e contundente” de “defesa dos direitos nacionais do povo palestiniano”.

“Face a escalada da agressão de Israel, o PCP reafirma a sua solidariedade com o povo palestiniano e com a sua justa luta contra a ocupação e pelos seus direitos nacionais, internacionalmente reconhecidos, mas não concretizados”, salientou Jerónimo de Sousa.

Os combates começaram a 10 de maio, após semanas de tensão entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do islão junto ao local mais sagrado do judaísmo.

Ao lançamento maciço de foguetes por grupos armados em Gaza em direção a Israel opõe-se o bombardeamento sistemático por forças israelitas contra a Faixa de Gaza, tendo provocado a morte a cerca de 200 palestinianos, incluindo 59 menores e 39 mulheres, bem como mais de 1.300 feridos.

Do lado israelita foram contabilizadas 10 mortes, entre elas a de dois menores, numa altura em que continuam os ataques de ambas as partes sem que vislumbre um sinal de tréguas.

O conflito israelo-palestiniano remonta à fundação do Estado de Israel, cuja independência foi proclamada em 14 de maio de 1948.

Os 27 países da UE têm frequentemente dificuldades em encontrar uma posição comum sobre o conflito israelo-palestiniano, com países como a Alemanha, a Áustria ou a Eslovénia a apoiarem firmemente o direito de Israel a defender-se, enquanto outros exortam o Estado hebreu a demonstrar contenção.

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