"É ver como se vem agitando o fantasma da instabilidade governativa, deitando mão ao que na casa do país vizinho se passa, para insinuar a necessidade de uma maioria absoluta. A quem agita tal fantasma, nós poderíamos perguntar. Faltou estabilidade nestes últimos quatro anos de avanços na vida dos trabalhadores e do povo? Não faltou! Então porque se agita tal fantasma? Se é para avançar e não andar para trás destabilizando a vida dos trabalhadores e das populações, o que se teme?", questionou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP discursava em comício vespertino no Teatro Municipal Garcia de Resende, em Évora, e "alvejou" maioritariamente o primeiro-ministro, António Costa.

"Ou será que o que se quer é regresso à estabilidade da paz podre do pântano da bipolarização, do vira-o-disco-e-toca-o-mesmo, ou seja, da alternância sem alternativa, de PS e PSD, com ou sem CDS de permeio? A estabilidade da política de direita que garante a estabilidade em cima, dos poderosos, para infernizar a vida dos trabalhadores e do povo", continuou.

Por outro lado, o líder comunista acusou o Governo minoritário socialista de recorrer ao possível cenário de crise económica internacional para recusar mais avanços em termos de recuperação e conquista de direitos e rendimentos para trabalhadores e o povo, imitando assim a narrativa do anterior Governo PSD/CDS-PP.

"Veja-se como hoje acenam com o espantalho de novas crises para justificar a recusa de medidas para resolver os problemas dos trabalhadores e das populações e como dramatizam o discurso contra o perigo das exigências excessivas. A cópia do conhecido discurso do PSD e CDS. É o discurso dos que querem travar aumentos de salários e pensões, continuar a sacrificar os serviços públicos, incluindo o Serviço Nacional de Saúde e os transportes amassados no torniquete do défice zero", afirmou.

Jerónimo de Sousa voltou a colar o PS à direita e exemplificou com o recente processo de escolha de dirigentes para as instituições europeias, nomeadamente a da nova comissária europeia, a alemã Ursula von der Leyen.

"O que se viu, no final, foi um acordo de cavalheiros, entre os amigos do PS, PSD e CDS, para entregar a batuta da orquestra da União Europeia à maestrina que o diretório das grandes potências impôs, sob o comando alemão, e aqueles que por aqui anunciavam tal frente acabaram metendo a viola no saco. Enquanto a orquestra continua a tocar a música do dogma do défice zero, da inflexibilidade das regras, da submissão aos ditames dos que mandam nisto tudo, é a vida dos povos que se vai afundando. É preciso não ir em cantigas", alertou.

O líder parlamentar comunista e cabeça-de-lista por Évora, João Oliveira, defendeu que o melhor voto para evitar uma maioria absoluta do PS é na CDU.

"A história mostra que as maiorias absolutas são tempos de retrocesso, mas evitar uma maioria absoluta é preciso, mas não chega. É preciso reforçar a CDU. Quem não quer maiorias absolutas do PS e quer que o caminho seja de avanço, e não de retrocesso, tem uma boa e forte opção - reforce a CDU. Um grande resultado eleitoral está como a romã no ramo - está madura para a colhermos. É preciso é esticarmos o braço, fazer o trabalho que falta fazer", apelou.