"O Governo português deve assumir uma posição clara de demarcação das ilegalidades e da estratégia belicista dos EUA e da NATO, bloco político-militar do qual a União Europeia se proclama ‘pilar europeu’. O compromisso de Portugal não pode ser com a ilegalidade, o arbítrio, a violência, a guerra, nem com a destruição da ordem jurídica internacional consubstanciada nos princípios da Carta da ONU", lê-se num comunicado do PCP.

Os Estados Unidos inauguraram hoje a sua embaixada em Jerusalém, cidade reconhecida unilateralmente pelo Presidente norte-americano como capital de Israel.

Para o PCP, trata-se de "uma afronta ao povo palestiniano e aos povos do mundo, após sete décadas de incumprimento das resoluções da ONU de criação de um Estado Palestiniano em território da Palestina, com capital em Jerusalém", além de "anos de falsas e vãs negociações de soluções políticas que assegurassem os direitos nacionais do povo Palestiniano".

Segundo os responsáveis comunistas, a atitude dos EUA é uma "iníqua decisão" que "confirma" o desrespeito, "de forma clara", do "Direito Internacional" e das "resoluções das Nações Unidas.

A inauguração da embaixada norte-americana coincide com o 70.º aniversário do Estado judaico e surge na véspera do dia em que os palestinianos assinalam o Nakba (desastre, em árabe), que designa o êxodo palestiniano em 1948, quando pelo menos 711.000 árabes palestinianos, segundo dados da ONU, fugiram ou foram expulsos das suas casas, antes e após a fundação do Estado israelita.

"Há décadas que o imperialismo norte-americano viola sistematicamente a legalidade internacional, desencadeando permanentes guerras de agressão e operações de desestabilização contra a soberania dos povos", é ainda referido no texto do PCP.

O dia tem sido marcado por protestos junto à fronteira com Gaza que já fizeram pelo menos 16 mortos e mais de 500 feridos.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a transferência da embaixada instalada até agora em Telavive foram anunciados por Donald Trump em 06 de dezembro, em consonância com a sua promessa eleitoral, mas em rutura com décadas de consenso internacional.

"O PCP reafirma a sua solidariedade para com o povo palestiniano na luta pelos seus direitos nacionais, pela libertação dos presos políticos palestinianos das prisões israelitas, pela edificação do Estado da Palestina nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Leste e pelo respeito do direito de retorno dos refugiados palestinianos, de acordo com as relevantes resoluções da ONU que reconhecem os direitos do povo palestiniano", lê-se ainda.