No “quartel-general” do comité organizador local da JMJ, instalado na antiga Manutenção Militar, em Lisboa, os gabinetes são ocupados por jovens voluntários que há já alguns meses trabalham juntos para preparar o maior acontecimento da Igreja Católica, que vai decorrer na capital portuguesa de 01 a 06 de agosto com a presença do Papa Francisco.
São voluntários de longa ou média duração e todas as semanas continuam a chegar novos membros às equipas.
“Não tenho o número preciso, mas já temos cerca de 600 pessoas envolvidas na construção da Jornada”, disse à Lusa a coordenadora dos voluntários, Margarida Manaia, referindo que cerca de 20 são voluntários internacionais que “vieram de todo o mundo”.
Todos com tarefas diferentes, em áreas desde a informática à comunicação, decidiram oferecer o seu tempo e as suas competências para algo que é muito maior do que eles próprios. É dessa forma que Raquel Ventura descreve o seu contributo.
A jovem brasileira participou pela primeira vez numa jornada em 2013, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, viajou para Lisboa para fazer parte da organização do evento em Portugal. Está na equipa do ‘contact center’, onde ajuda a tirar dúvidas àqueles que se queiram inscrever.
“Há um ambiente de trabalho, claro, mas, ao mesmo tempo, é um ambiente de amizade e de oração também. Somos mesmo felizes aqui, devido a esta comunidade”, acrescenta José Maria, que chegou à sede da JMJ há apenas duas semanas.
Além destes voluntários, o maior esforço será para os seis dias da Jornada, em agosto, quando a organização pretende ter o apoio de cerca de 30 mil jovens. A pouco menos de cinco meses da abertura do evento, há 10 mil inscritos.
“Continuamos a precisar de muitos voluntários, mesmo muitos”, sublinhou Margarida Manaia.
José Maria também será um dos milhares voluntários durante a semana da JMJ e inscreveu-se mesmo antes de decidir colaborar na organização, sobretudo pela experiência que teve em 2016 na JMJ de Cracóvia, Polónia.
“Foi muito especial, ajudou-me muito no meu caminho da fé, mas, mais do que isso, as amizades que fiz são para a vida. Dar isso às pessoas que vêm de todo o mundo é, para mim, um privilégio e uma coisa que me enche o coração”, contou.
Entre 01 e 06 de agosto, será um dos vários chefes de equipa. Margarida Manaia explica que a distribuição das equipas, constituídas por entre 10 e 15 pessoas, ainda não foi decidia, porque esse trabalho depende do número total de voluntários.
Por outro lado, a responsável refere que todos os voluntários vão receber formação durante uma semana a partir de 23 de julho: “Estamos a falar de receber centenas de milhares de pessoas em Lisboa, que não conhecem a cidade, muitos não falam português, por isso, os voluntários têm de chegar um tempo antes”.
Entretanto, as inscrições continuam a decorrer, até que seja alcançado o objetivo dos 30 mil, e há quatro opções, todas com um custo. A opção mais barata, de 30 euros, inclui apenas transporte e seguro, sendo a única disponível para os jovens que se inscrevem através das paróquias.
Existem duas opções que incluem alimentação (90 euros para duas semanas e 60 a partir de 31 de julho) e uma quarta que assegura também alojamento, no valor de 145 euros. Neste caso, os voluntários vão pernoitar em espaços coletivos, como escolas ou pavilhões desportivos, acompanhados por casais que serão “os pais da casa”, explicou Margarida Manaia.
Para a 16.º JMJ, que se realiza entre 01 e 06 de agosto, são esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. Entre os voluntários, muitos já passaram por, pelo menos, jornada e, à semelhança de José Maria, as experiências vividas foram a principal motivação para regressarem, desta vez com um papel mais ativo.
“É uma experiência muito revolucionária”, sublinhou Raquel Ventura. Marina Schuengue Bastos, que integra a equipa de comunicação, concorda e, depois de ter participado na JMJ do Rio de Janeiro, foi também voluntária na JMJ no último encontro, em 2019, no Panamá.
“É a continuação de uma experiência que começou nas jornadas do Rio de Janeiro e acendeu no meu coração a vontade de servir para as jornadas, de ‘enxergar’ a universalidade da fé e dos jovens, do quão lindo é representar o amor e poder viver isso com a juventude”, sublinhou a jovem brasileira.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
* Mariana Caeiro (texto) e Manuel Almeida (fotos) / Lusa
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