Quatro dezenas de jovens, incluindo vários luso-descendentes preparam as malas para viajar a Portugal e participar na Jornada Mundial da Juventude, com a missão de dar a conhecer uma outra Venezuela, a de um país com fé viva e ardente.
“A JMJ é uma festa da juventude. Por isso, para mim, como jovem, na pastoral juvenil, sempre me emocionou tudo o que tem a ver com a expressão juvenil da nossa fé, de ser capaz de motivar cada vez mais jovens a sentir que o catolicismo não é uma religião morta, mas que somos uma fé viva e ardente, tal como Jesus Cristo nos transmitiu”, explicou um dos jovens.
Joel Abreu, químico luso-descendente, falava à Agência Lusa em Caracas, durante um ensaio de uma peça do folclore venezuelano que vão interpretar em Portugal, durante o qual receberam a visita o arcebispo de Caracas, Monsenhor Baltazar Porras.
“As minhas expectativas são realmente muito elevadas, porque vou poder ir à terra dos meus pais e dos meus antepassados. Me motiva muito viver a cultura portuguesa de uma forma mais próxima na própria terra, e também visitar tantos lugares que me geram muita emoção, porque já não é só ver num ecrã, nem ouvir falar, é viver a experiência”, disse.
Por outro lado, o padre Carlos de Abreu, responsável pela Ermida de Nossa Senhora de Coromoto e Fátima, explicou que “foi uma experiência muito bonita” a do cardeal despedir-se dos jovens que vão à JMJ.
“Isto tem um significado muito especial na Venezuela, porque há um grande afeto pela família lusitana que vive aqui, porque nos conhecem nas nossas mercearias, nos empregos, escolas, em tudo o que fazemos e agora querem ver-nos lá, na nossa terra”, disse.
O sacerdote explicou ainda que “a esperança” é que “a fé que trouxe Nossa Senhora Fátima leve a Virgem de Coromoto (padroeira da Venezuela) a Portugal, para que conheçam as nossas alegrias, esperanças, e saibam que desde a Venezuela há um carinho imenso por todos vós”.
“A Venezuela não é a Venezuela que se imaginam, de criminosos e bandidos, há pessoas com uma fé profunda, e essa fé se uniu à fé dos portugueses em Nossa Senhora de Fátima. Eles celebram Fátima com a mesma alegria e entusiasmo que nós, e é por isso que vão a Portugal com tanto entusiasmo, para mostrar que têm um rosto que vão gostar de ver, o do bom venezuelano, do bom cristão”, disse à Lusa.
Por outro lado, Andrea Ferreira, coordenadora da Pastoral de Caracas, explicou que em outubro de 2022 começaram a “motivar e encorajar” os jovens para participar na JMJ. Também que nos primeiros encontros preparatórios participaram 75 pessoas, mas que o número caiu devido aos custos, incluindo a viagem.
“Temos 39 inscritos, que viajam pelos seus próprios meios, que depois de muito esforço e doações, conseguiram arranjar os fundos para participar na jornada. Vão estar uns dias no Porto e depois viver a JMJ em Lisboa”, explicou.
Por outro lado, explicou que os jovens venezuelanos “às vezes podem ter o desejo ou a inspiração” de participara em eventos religiosos noutros países, mas “não têm informação suficiente”.
Sobre os preparativos, explicou que passou por fazer catequese e formação para crescer como grupo de fraternidade, ou seja, “não só viver o encontro de viajar a Portugal, mas ter aqui o nosso encontro fraterno e poder ver a Cristo através dos nossos irmãos e irmãs”.
Explicou ainda que a maioria dos jovens chegará ao Porto no dia 24 de julho.
“Para muitos de nós, é a primeira vez que participamos numa JMJ. Não queremos ter expectativas, mas deixar-nos surpreender por Deus, experimentar o que Ele queira que experimentemos, com muita abertura e disposição”, disse.
A JMJ será o motivo para que a jovem contabilista Betsymar Hernández viaje pela primeira vez ao estrangeiro, onde espera crescer espiritualmente.
“É a minha primeira experiência. Estou muito nervosa porque é a primeira vez que saio do país. Espero encontrar Jesus no rosto de cada jovem, de cada pessoa que viva esta experiência. Também que me ajude a crescer espiritualmente, a reencontrar esse Cristo que tanto nos ama e que abriu as portas para que possa realizar este sonho”, disse.
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