Num texto que enviou para que fosse lido na apresentação do livro “Morrer com Dignidade”, que decorreu em maio, na Assembleia da República e onde não pôde estar presente por motivos de saúde, João Semedo lembrava que “ajudar a morrer serena e tranquilamente” é uma “atitude muito nobre […] e de grande humanismo”.
“Ajudar a morrer serena e tranquilamente, acabando com o sofrimento inútil, é uma atitude muito nobre, de elevado valor moral e de grande humanismo, que não podemos deixar que seja desvalorizada, caricaturada ou comparada como um homicídio”, considerou.
No texto, lido Rui Couceiro, editor da Contraponto, chancela da Bertrand responsável pela publicação da obra, Semedo sublinhava que consagrar na lei a despenalização da morte assistida – que acabou rejeitada no parlamento – seria “consagrar o direito de todos a verem respeitada a sua vontade, sem obrigar mas também sem impedir seja quem for de encurtar a sua vida, para por termo a um sofrimento que considere inútil e desumano”.
Semedo escreveu ainda que a morte assistida teve um debate intenso, muito participado e que mobilizou e envolveu a opinião pública portuguesa, mas sublinhou que, infelizmente, “nem tudo correu bem”.
“O radicalismo extremista em que apostaram alguns adversários da despenalização poluiu o debate com uma série de mentiras, insinuações e falsificações sobre o que se verifica nos países em que a morte assistida é permitida”, explicou ainda João Semedo, médico de profissão e que organizou o livro “Morrer com Dignidade – a decisão de cada um”.
O antigo coordenador do Bloco de Esquerda teve uma vida dedicada à atividade política nacional e internacional, às artes e à medicina, tendo mesmo sido um dos autores da nova proposta de Lei de Bases da Saúde.
Membro da direção do movimento cívico “Direito a morrer com dignidade”, João Semedo nasceu a 20 de junho de 1951, em Lisboa, cidade onde frequentou o Liceu Camões e onde se veio a licenciar, na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1975.
Depois de um longo percurso como médico e político, lançou em janeiro de 2018, em conjunto com António Arnaut, o livro “Salvar o SNS – Uma nova lei de bases da Saúde para defender a democracia”.
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