A detenção estará relacionada pela forma como conseguiu, em 2006, obter empréstimos da CGD e como depois terá levado a cabo um esquema para escapar com os pagamentos aos credores. Em 2015, uma exposição daquele banco à Fundação Joe Berardo revelou 268 milhões de euros em crédito mal parado.
A SIC Notícias acrescenta que foram detidas duas pessoas: Joe Berardo e o seu advogado, André Luiz Gomes. O primeiro deverá ficar esta noite no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária e amanhã, quarta-feira, será ouvido pelo juiz de instrução Carlos Alexandre no primeiro interrogatório judicial, que a RTP informa ter emitido os mandados de detenção. Só depois se saberá as medidas de coação a que será sujeito.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) fez saber que através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e com apoio de outras unidades desencadeou esta terça-feira uma operação no âmbito de investigação pela suspeita da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
As diligências hoje desencadeadas decorreram em Lisboa, Funchal e Sesimbra. A operação envolveu 180 profissionais e foram efetuadas cerca de meia centena de buscas: 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, três buscas em instituição bancária e uma busca em escritório de advogado.
O jornal Público, salienta que, entre outra matérias, Joe Berardo terá contraído "um empréstimo na CGD de 350 milhões de euros destinados a comprar ações do BCP" que iriam desvalorizar pouco depois.
O diário sublinha ainda que os agentes responsáveis pela investigação suspeitam que os créditos terão sido conseguidos "através das relações privilegiadas" de Berardo com o Governo liderado pelo ex-primeiro-ministro, José Sócrates.
O que diz o comunicado da PJ
"A investigação iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime", pode ler-se na nota da PJ enviada às redações.
A PJ esclarece que a operação incidiu sobretudo "num grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou 4 operações de financiamentos com a CGD", em 439 milhões de euros.
"Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar", explica o comunicado.
As autoridades realçam que o grupo económico envolvido causou "um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao NB e ao BCP", tendo posteriormente, ressalva a nota, sido "identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património".
DCIAP lamenta falta de meios para investigação célere no processo da Caixa
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) informou esta terça-feira que dirige a investigação à Caixa Geral de Depósitos (CGD), que envolveu buscas a três bancos e duas detenções de hoje, lamentando que a investigação não tivesse a "celeridade desejável".
Aquele departamento do Ministério Público que investiga a criminalidade mais grave e sofisticada revelou em comunicado que "não obstante o empenho e investimento do DCIAP e da Procuradoria-Geral da República (PGR), bem como da PJ e de toda a equipa na investigação do inquérito em curso e a gestão racional e eficaz que foi realizada dos meios à disposição de todos, não se logrou assumir a celeridade desejável, apenas por carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação".
Esta observação do DCIAP surge numa altura em que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) tem vindo a alertar, no âmbito da Estratégia Nacional Anticorrupção e de combate à criminalidade económico-financeira, que uma luta eficaz contra aqueles fenómenos criminais exigem que o MP seja dotado dos meios humanos e materiais adequados e necessários, o que atualmente é deficitário.
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