Sob o lema "Berlim usa kipá", a comunidade judaica convocou uma concentração. Outras cidades, como Colónia, Potzdam, Erfurt e Madeburgo, anunciaram a adesão ao movimento.

Para aqueles que não têm um kipá, o solidéu usado pelos judeus, o jornal berlinense 'TAZ' publica na edição de hoje instruções para fazer um em casa, com um modelo em papel.

Ontem, o presidente do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Joseph Schsuter, causou polémica ao aconselhar os judeus a não usarem o kipá nas grandes cidades alemãs por questão de segurança.

Para a ministra da Justiça, Katarina Barley (socialdemocrata), a manifestação é um sinal importante de solidariedade.

"Os judeus não devem ter medo de mostrar que são judeus na Alemanha", disse hoje.

Em entrevista ao 'Tagesspiegel', o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, considerou que qualquer ataque contra um judeu é um ataque contra a sociedade alemã como um todo.

Esta mobilização acontece uma semana depois de um refugiado sírio ter agredido dois jovens que usavam kipá num bairro nobre de Berlim. Gravado e publicado nas redes sociais, o incidente causou comoção num país ainda atormentado pelo seu passado nazista.

A chanceler Angela Merkel denunciou um "incidente terrível" e prometeu "reagir".

O episódio parece ter sido a gota de água, depois de, alguns dias antes, os rappers Kollegah e Farid Bang, autores de letras bastante polémicas, foram agraciados com o prestigioso prémio musical alemão ECHO com o álbum de hip hop mais vendido.

O antissemitismo tem várias facetas na Alemanha, diz o 'TAZ', num editorial publicado esta quarta-feira.

"Pode expressar-se de forma amável, teórica, ou às vezes grosseira. E, às vezes, brutalmente, como na semana passada", acrescenta, considerando que "chegou o momento" de reagir.

O debate foi estimulado pelo avanço da extrema direita e pelas preocupações com o aumento no fluxo de refugiados, sobretudo, de árabes — mais de um milhão desde 2015 na Alemanha.

O centro Simon Wiesenthal alerta que é preciso ter cuidado, porém, para não atribuir o recente aumento do antissemitismo apenas à população muçulmana, ou árabe.