“Foi o nosso tetravô que, em 1870, começou a trabalhar as cutelarias. Ele era ferreiro de profissão, e, para além de fazer utensílios para a lavadoura, demonstrava muito jeito para fazer facas, tendo começando por fabricar a famosa ‘Palaçoula’, um modelo do qual já fabricámos cerca de sete milhões de unidades”, explicou à Lusa José Martins, um dos sócios gerentes da Filmam.

A Filmam é uma empresa cuja fundação remonta a 1870, pelas mãos de um ferreiro, passando a tradição de geração em geração, e chegou ao século XXI dotada de tecnologia de ponta, mantendo, porém, um pouco da sua linha mais convencional, “com uma forte e enraizada implantação no mercado das cutelarias”.

Durante os primeiros 98 anos, a empresa familiar pouco evoluiu, mas, com a chegada da eletricidade à aldeia de Palaçoulo na década de 60 do século XX, viveu-se uma”pequena revolução industrial” e a fábrica de cutelarias aproveitou as oportunidades.

“Em 1968, ano em que se assinalava os 98 anos do início da laboração, a chegada da eletricidade permitiu-nos alargar horizontes e começámos a comprar máquinas elétricas. Também inventamos algumas, automáticas ou semiautomáticas, que ainda hoje estão ao serviço dos produtos que fabricamos”, frisou o empresário.

Para além de uma dúzia de máquinas mais antigas, a empresa do distrito de Bragança tem vindo a adaptar-se às novas realidades industriais, tendo apostado em máquinas informatizadas e robotizadas para fabricar um vasto naipe de modelos de peças de cutelaria que, atualmente, fazem parte do catálogo da empresa transmontana.

A empresa de cutelarias não esconde que no negócio há altos e baixos. Contudo, a exportações dos produtos tem ajudado a contornar “alguma crise” que viveu num passado recente.

“Exportamos para 34 países, estamos a apostar em exportações internacionais, como foi caso recente de uma para Las Vegas, nos Estados Unidos da América (EUA), de forma a conquistar os mercados mais emergentes com produtos renovadores e de qualidade”, exemplificou José Martins.

O principal mercado da Filman é o espanhol, mas na lista há países como o Dubai, Qatar, Rússia, EUA, França, Alemanha, França ou os Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

“Estamos certos que daria para ir mais além nas exportações, mas, não estamos com ideias de o fazer. Pretendemos concentrar-nos nos mercados que temos e servi-los com qualidade” observou.

Com as novas vias de comunicação que rasgam o território, como o Itinerário Complementar IC5, a autoestrada A4 e o túnel do Marão, “houve uma quebra no isolamento do Planalto Mirandês”.

“A abertura destas novas rodovias, para nós, foi uma mais-valia, já que os nossos principais fornecedores de matéria-prima são da área do Porto”, enfatizam os sócios gerentes da Filman.

Altino Martins, outro dos sócios-gerentes da empresa, disse, para assinalar os 150 anos do início da laboração da empresa, lançaram um novo produto no mercado, com materiais nobres e sofisticados.

“Dada a importância da empresa no mercado nacional e internacional das cutelarias, lançámos um modelo próprio, para assinalar a efeméride. Trata-se de um canivete que é diferente de todos outros, revestido a titânio, e o cabo em madeira de oliveira, com um sistema de segurança. Não há dois exemplares iguais”, assegurou o cuteleiro.

Os empresários, em tempo de aniversário, aproveitam para solicitar ao Governo mais apoios e pedem discriminação positiva para as unidades fabris do interior.

“Os apoios nunca são de mais, para quem trabalha neste território de baixa densidade”, disseram.

A fábrica de cutelarias atualmente tem 20 operários, alguns com “muitos anos de casa”.

“Trabalho nesta fábrica há 40 anos e tenho notado muitas alterações tecnológicas e a produção tem vindo a aumentar. Há uma forte aposta tecnológica e não noto que haja quebra de emprego”, contou Jacinto Afonso, o funcionário mais antigo da Filman.

A atualmente, a capacidade de laboração da unidade fabril chega às 2.500 peças por dia, de vários modelos, para uma faturação anual, que ronda um milhão de euros.

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