Estas foram as únicas palavras de Eduardo dos Santos aos jornalistas, que o questionaram quando abandonava, no sábado à noite, o Centro de Conferências de Belas, em Luanda, onde cedeu a liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) a João Lourenço durante os trabalhos do VI Congresso Extraordinário do partido.

José Eduardo dos Santos, patrono da fundação homónima – Fundação Eduardo dos Santos (FESA) – nada mais adiantou sobre o seu futuro, depois de ter participado num congresso pela última vez como Presidente do MPLA e quase um ano após ter deixado a Presidência angolana, pondo fim a cerca de 40 anos de política ativa.

As palavras de Eduardo dos Santos quanto às suas memórias estarem já escritas mas por outras pessoas são ambíguas, uma vez que não esclareceu se, de facto, já estão concluídas ou se era ironia e não vale a pena escrevê-las, porque alguém o tem feito fora da esfera oficiais.

O MPLA passa a contar, assim, oficialmente, na sua história, com cinco presidentes, nomeadamente Ilídio Machado, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos e, doravante, João Lourenço, também chefe de Estado.

Ilídio Tomé Alves Machado foi o primeiro presidente do MPLA, até ser preso, em 1959, por atividades subversivas contra o regime português da altura.

Mário Pinto de Andrade tornou-se ativista político e exerceu o cargo de presidente do MPLA, entre 1959 e 1962, e o de secretário-geral entre 1962 e 1972.

Agostinho Neto foi presidente honorário do partido desde 1961, tendo assumido a liderança efetiva do MPLA em 1963, em Kinshasa, capital do então Zaire, hoje República Democrática do Congo (RDC).

Neto presidiu o MPLA até à sua morte, em setembro de 1979, mês em que José Eduardo dos Santos assumiu a liderança, que terminou no sábado.