“Se um país forte pode impor força a um vizinho que não o ameaça, tudo o que quer, cometendo crimes de guerra como está a fazer, destruindo um país, fazendo de Mariupol a ‘Aleppo europeia’ e fazendo da Ucrânia uma segunda Síria, então o mundo inteiro está em perigo”, afirmou Josep Borrell na abertura do Fórum de Doha, no Qatar.
Na sessão “Transformar para uma nova era”, o Alto Representante da UE para a Política Externa salientou que o conflito entre Kiev e Moscovo “é um problema nas fronteiras da Europa, mas não é um problema europeu”, antes um problema mundial que exige “reforçar a legislação num nível internacional e um melhor equilíbrio de poder”.
Borrell, que este fim de semana se desloca ao Qatar e ao Kuwait para tratar de relações bilaterais, cooperação internacional e segurança global após a invasão russa da Ucrânia, frisou que “uma das más consequências que este conflito pode trazer é empurrar a Rússia para a China e criar uma divisão” entre o que se pode chamar “de sudeste global e noroeste global”.
O chefe da diplomacia da UE alertou para o perigo desta possibilidade que, na sua opinião, pode “criar um desequilíbrio incrível no mundo”.
“Temos de evitar essa tendência e a primeira coisa que temos de fazer é parar esta guerra de agressão, de desgaste”, defendeu.
Por outro lado, Borrell realçou a importância do apoio militar à Ucrânia, para evitar uma “escalada horizontal ou vertical que possa levar a um grande conflito”, apontando a necessidade de pressionar a Rússia de todas as formas para fazer com que pague por isto.
No âmbito do fórum, Josep Borrell vai ter reuniões bilaterais com o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, e com outros parceiros internacionais.
Já no domingo, o Alto Representante da UE para a Política Externa vai realizar a sua primeira visita oficial bilateral ao Kuwait, onde vai manter conversações com o príncipe herdeiro, o primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o presidente da Assembleia Nacional.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados das Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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