O retrato é feito num estudo sobre a empregabilidade na área, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas a que a agência Lusa teve acesso.
O estudo “Diagnóstico à Empregabilidade” revela que mais de metade dos médicos dentistas trabalha hoje por conta de outrem e que os formados há menos de dez anos trabalham maioritariamente em mais do que um consultório.
O subemprego é uma “nova realidade” que enfrentam os médicos dentistas mais jovens, reconhece o bastonário da Ordem, Orlando Monteiro da Silva.
“Nos últimos dez anos o paradigma mudou, em termos de prosperidade, de segurança e de precariedade e também de mobilidade. Os mais jovens vão mais para o estrangeiro, têm maior mobilidade em Portugal, os mais antigos são mais sedentários”, refere o bastonário.
O representante da classe refere que “a profissão está a evoluir”. Mesmo sem perder o seu caráter liberal, “a segurança e a prosperidade económica do passado estão a dar lugar à precariedade e à incerteza”.
O estudo mostra precisamente diferenças geracionais: 75% dos médicos dentistas formados há menos de dez anos trabalham por conta de outrem, enquanto 70% dos que se formaram há mais de uma década exercem atividade em clínica ou consultório próprio.
A inserção no mercado de trabalho dos dentistas é até rápida, já que 78% começam a trabalhar em menos de seis meses e 40% não chegam a demorar um mês. Contudo, nas gerações mais novas, “os dados indicam que a estreia no mercado laboral é cada vez mais lenta e precária”.
“A colocação no mercado de trabalho em Portugal consegue-se de forma relativamente rápida, mas de forma muito precária, em vários consultórios, com várias deslocações, a atender poucos doentes”, avisa o bastonário Orlando Monteiro da Silva, aconselhando os jovens a ter em atenção os dados sobre a empregabilidade antes de fazerem as suas escolhas no Ensino Superior.
“Devem ter em conta que a medicina dentária é uma profissão essencialmente liberal, tem uma empregabilidade que existe fundamentalmente no setor privado e que existe muito pouco ainda no serviço público”, insiste.
Atualmente há já mais mulheres do que homens na profissão, com uma crescente “tendência de feminização” que não se verificava há dez ou vinte anos.
Quanto a salários, dos mais de dois mil médicos que participaram no estudo, quase metade (45%) tem um rendimento mensal bruto até 1.500 euros, um terço ganha entre 1.500 e 3.000 euros brutos e 20% ganham mais de 3.000 euros brutos mensais. Os salários mais baixos são os dos profissionais mais jovens.
Mas a remuneração dos dentistas é geralmente variável, consoante o número e os custos dos procedimentos, sendo que só um quarto dos profissionais tem uma remuneração fixa.
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