Mais de 60 médicos manifestaram preocupação com o estado de saúde do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, detido em Londres, em carta aberta divulgada esta segunda-feira, conta o The Guardian. Assange está sob ameaça de extradição para os Estados Unidos, que o acusam de espionagem.

"Escrevemos esta carta aberta, como médicos, para expressar a nossa grande preocupação com o estado de saúde físico e mental de Assange", assinalam os médicos na carta, endereçada à ministra do Interior britânica, Priti Patel, e à encarregada do assunto no Partido Trabalhista, Diane Abbot.

Tomando como base vários relatórios, incluindo um relatório da ONU sobre tortura, os signatários expressaram a sua "séria preocupação coletiva para chamar a atenção do público e do mundo para esta grave situação".

"Consideramos que Assange precisa urgentemente de uma avaliação médica do seu estado de saúde físico e psicológico", reforçaram os médicos, que atuam nos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido ou Suécia. Os profissionais de saúde sugerem que Assange seja atendido num hospital, por profissionais qualificados. "Tememos verdadeiramente, com base em elementos disponíveis, que Assange possa morrer na prisão."

Não é a primeira vez que surgem notícias sobre a saúde frágil de Assange. No começo de novembro, o relator especial da ONU sobre a tortura expressou à AFP preocupação com "novas informações médicas, transmitidas por fontes confiáveis, que afirmam que a saúde de Assange entrou num círculo vicioso de ansiedade, stress e impotência, típico de pessoas expostas a um isolamento prolongado e a uma arbitrariedade constante".

Assange, cidadão australiano de 48 anos, é acusado pelos EUA de ter divulgado milhares de documentos secretos no seu portal WikiLeaks, e de “conspiração” para se infiltrar nos sistemas informáticos governamentais.

O ativista esteve refugiado durante sete anos, desde 2012, na embaixada do Equador em Londres, devido aos receios de ser extraditado para os EUA.

No início de abril deste ano foi detido pela polícia britânica, estando no estabelecimento prisional de Belmarsh, a oeste de Londres, a aguardar o julgamento, agendado para fevereiro, que decidirá a sua eventual extradição para os Estados Unidos.

Em junho deste ano um tribunal sueco tinha decidido não pedir a detenção do fundador do WikiLeaks. A decisão, na altura, não significava o abandono da investigação na Suécia, mas que Assange não seria extraditado e poderia ser interrogado no Reino Unido.

A 19 de  novembro a Suécia decidiu deixar cair a investigação preliminar que estava a ser levada a cabo por alegada violação de uma mulher naquele país em 2010. Julian Assange negou sempre as alegações de violação de que tem sido alvo desde 2010.