"Mantemos a nossa total discordância pela medida encontrada e que se anuncia vir a ser implementada, solicitando à Câmara do Porto que reavalie o projeto e que encontre formas de conseguir que os autocarros se aproximem mais do centro da cidade, de modo a evitar transtornos muito significativos na vida das pessoas", lê-se num comunicado enviado à agência Lusa.
A Câmara do Porto anunciou hoje que catorze linhas de operadores privados de transportes públicos vão a 05 de fevereiro ficar impedidos de entrar no centro do Porto, deixando os passageiros na estação de metro do estádio do Dragão.
Os condicionamentos, motivados em parte pela obra de recuperação do Mercado do Bolhão, vão tirar os autocarros privados e "um total de nove mil passageiros" dos terminais atualmente existentes na rua Alexandre Braga e no Campo 24 de Agosto, transferindo as paragens para a zona do Dragão, com estacionamento para 840 automóveis e uma estação de metro que funciona "aquém da capacidade", explicou o presidente da autarquia, Rui Moreira, em conferência de imprensa.
Em causa estão, por exemplo, situações de autocarros com trajetos provenientes de concelhos vizinhos do Porto.
Hoje, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Gondomar lamentou a falta de diálogo com a Câmara do Porto, considerando que a solução apresentada pela autarquia liderada pelo independente Rui Moreira continua a prejudicar os utentes de Gondomar e a não servir os interesses respetivos.
"A Câmara de Gondomar lamenta que as propostas por si apresentadas não tenham sido acolhidas nem existido diálogo por parte da Câmara Porto para encontrar alternativas", referiu Marco Martins, depois de na segunda-feira ter relatado que reuniu com responsáveis da autarquia portuense no início de dezembro e aguardava resposta às sugestões deixadas pela sua equipa.
Já a Junta de Rio Tinto aponta que esta decisão irá abranger as linhas 401, 700, 800, 801 (STCP), 27, 33, 34, 55, 69, 70 (Gondomarense), 1, V94 (Valpi) e Covilhô-Porto (Pacence) e refere que "irá prejudicar vários milhares de utilizadores diários, quer com o aumento do tempo de viagem quer com os custos com o transbordo para a linha do metro".
"Saliente-se ainda que estamos a referir-nos a quase 500 veículos em cada sentido por dia, situação que, a concretizar-se, irá criar um enorme afluxo de tráfego na zona do Dragão, agravando ainda mais a demora no tempo da viagem, situação que será impossível de gerir nos dias de jogos no Dragão ao final da tarde em dias da semana", lê-se na nota da autarquia local.
A Junta de Freguesia também argumenta que a estação do Dragão é "aquela com a maior distância entre a linha do metro e o nível da rua", temendo, conforme continua a argumentar, "um percurso demorado que obrigará os cidadãos mais novos e mais idosos a descer três pisos numa estação do metro para conseguirem chegar a linha ou a fazer o inverso".
"Salienta-se o facto de Rio Tinto ser a maior freguesia da área metropolitana do Porto, transportando diariamente milhares de cidadãos para o centro da cidade, cidadãos esses que são também parte integrante e fundamental do desenvolvimento da cidade do Porto", refere o comunicado que termina com pedido à Câmara de Gondomar para que "mantenha os contactos e as solicitações já efetuadas, para que este assunto tenha a melhor resolução possível".
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