Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a "lista verde” do Governo britânico para viagens internacionais a partir da próxima terça-feira, 8 de junho, pelas 04:00.
A decisão, que vai impor restrições, como a necessidade de quarentena no regresso a terras de Sua Majestade, tem como justificação a identificação de 68 casos da variante nepalesa, “com uma mutação adicional potencialmente prejudicial”.
Que mutação é esta? À SIC Notícias João Paulo Gomes, microbiologista e cientista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), explicou que o que está em causa é uma “sub-linhagem” da variante indiana — ou Delta (B1.617.2, identificada pela primeira vez na Índia).
O responsável por apresentar os estudos sobre as variantes nas conhecidas reuniões do Infarmed frisou, porém, que se trata de uma variante indiana e não de “uma super variante indiana”.
A mutação em causa, a K417N, foi identificada num número ainda reduzido de casos (90 casos em, pelo menos, oito países), mas também foi encontrada na variante Beta (descoberta na África do Sul).
No entanto, João Paulo Gomes diz que o Governo de Boris Johnson está a fazer "uma tempestade num copo de água”. De acordo com o especialista, em Portugal foram detetados apenas 12 casos da mutação da variante indiana — e não os 68, como aponta o Governo britânico.
Já o secretário de Estado Adjunto e da Saúde pediu "tranquilidade” e “serenidade”. No final da apresentação do Plano de Contingência Saúde Sazonal – Módulo Verão 2021, Lacerda Sales sublinhou que “não existe nada” sobre transmissão comunitária desses 12 casos, dado que são 12 casos que estão “bem circunscritos, bem isolados”, estando “sob o controlo” da saúde pública.
No entanto, e de acordo com o relatório de monitorização das "linhas vermelhas" da pandemia hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), "até 2 de junho, foram identificados 74 casos da linhagem B.1.617.2 (associada à Índia). "A sequenciação genómica revelou várias introduções distintas desta variante em Portugal. A ausência de ligação epidemiológica em alguns dos casos mais recentes pode indicar a existência de transmissão comunitária da mesma”, adianta o documento.
Na semana anterior, o INSA referiu que tinham sido identificados 37 casos desta linhagem, classificada como de preocupação pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) em 24 de maio.
No documento semanal publicado pelo INSA e DGS não vem, porém, nenhuma menção à mutação nepalesa.
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