Martin Griffiths disse que as inundações na Ucrânia, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, levarão inevitavelmente a menores exportações de cereais, preços mais altos dos alimentos e menos para comer para milhões de necessitados em todo o mundo.
“Mas a verdade é que estamos apenas a começar a ver as consequências deste ato”, sublinhou, na sexta-feira, numa entrevista à agência de notícias Associated Press, o britânico, que lidera o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Griffiths disse que as Nações Unidas, trabalhando principalmente através de grupos de ajuda ucranianos, conseguiram apoiar 30.000 pessoas em áreas inundadas sob controle ucraniano.
O dirigente lamentou que até agora a Rússia não tenha concedido acesso às áreas que controla para a ONU ajudar as vítimas das enchentes.
Griffiths disse que se encontrou com o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, na quarta-feira, para pedir às autoridades russas “acesso para as nossas equipas na Ucrânia atravessarem as linhas de frente para prestar ajuda, para fornecer apoio aos (..). ucranianos nessas áreas”.
Além disso, o britânico observou que as águas também correram sobre áreas com minas terrestres: “O que poderemos ver são essas minas a flutuar em lugares onde as pessoas não as esperam”, ameaçando adultos e especialmente crianças.
De acordo com um relatório do OCHA, o nível da água começou a diminuir na região afetada pela destruição da barragem, mas mais de 25 mil casas estão danificadas e continua a aumentar o número de deslocados.
Nas áreas da região de Khersonska sob controlo ucraniano, 320 pessoas foram retiradas das suas casas nas últimas 24 horas, aumentando o número total de pessoas que fugiram para mais de 2.500, segundo a Organização Internacional para Migração (OIM), citada pela OCHA.
Ainda na região controlada por Kiev, quase 40 vilas e cidades foram “severamente afetadas pelas inundações, com mais de 3.620 casas registadas como danificadas até o momento”.
Já as autoridades apoiadas por Moscovo naquela região divulgaram na sexta-feira que o número de casas inundadas aumentou para mais de 22.000, com “graves consequências humanitárias para milhares de pessoas”.
Segundo informações divulgadas também na sexta-feira pelas autoridades ucranianas e russas, as inundações terão provocado já 13 mortos.
A destruição da barragem da Central Hidroelétrica de Kakhovka, na região de Kherson, no sul da Ucrânia, já é considerada um dos maiores desastres industriais e ecológicos da Europa nas últimas décadas.
A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente da destruição da barragem, construída no rio Dniepre na década de 1950.
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