“Temos de reformar o nosso sistema de imigração para garantir que funciona de forma ordeira, humana e torna o nosso país mais forte”, afirmou a candidata num evento em Douglas, no Arizona, onde visitou um ponto de entrada no país e falou com agentes da patrulha de fronteira com o México na sexta-feira.

“Eles precisam de mais recursos para fazerem o trabalho”, disse Harris, anunciando um investimento de 500 milhões de dólares (cerca de 448 milhões de euros) para modernizar e expandir o ponto de entrada em Douglas.

A democrata propôs mudanças que incluem a proibição de asilo a migrantes que não façam o pedido legalmente em pontos de entrada e ao invés disso atravessem a fronteira ilegalmente. Esse é um dos problemas com o qual o país tem lidado, incluindo menores de idade que entram ilegalmente para pedir asilo.

“Apesar de entendermos que muita gente está desesperada para emigrar para os Estados Unidos, o nosso sistema tem de ser ordeiro e seguro”, sublinhou.

Outra medida proposta pela candidata é agravar as consequências criminais para pessoas que entrem ilegalmente, sejam deportadas e voltem a entrar.

Em matéria de imigração legal, a democrata deu como prioridade “consertar o sistema”, que neste momento não funciona bem: “Rejeito a escolha falsa entre proteger a fronteira ou ter um sistema ordeiro e humano. Podemos e devemos fazer ambos”.

Harris quer expandir os centros de processamento de pedidos de asilo nos países de origem dos migrantes, criar uma forma de legalizar aqueles que já estão há vários anos sem criar problemas nos Estados Unidos e manter as proteções aos ‘dreamers’, que foram trazidos para o país ilegalmente em criança.

A atual vice-Presidente dos Estados Unidos falou também de investir em 100 novos sistemas de inspeção para detetar a droga sintética fentanil, que é traficada para os Estados Unidos maioritariamente através de veículos em pontos legais de entrada. Além disso, prometeu duplicar os recursos do Departamento de Justiça para extraditar os traficantes.

Depois de mencionar o seu histórico como procuradora-geral, em que atuou contra gangues e traficantes transnacionais, Harris prometeu recuperar e assinar o pacote legislativo que falhou a aprovação no Congresso a pedido do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Este pacote bipartidário incluía a contratação de mais 1.500 agentes de patrulha na fronteira, aquisição de máquinas para detetar fentanil e o aumento do número de juízes dedicados a casos de asilo e imigração.

“Esta lei devia estar em efeito hoje, a produzir resultados em tempo real”, disse Harris. “Mas Donald Trump afundou-a, porque prefere fazer campanha em cima do problema em vez de o resolver”.

Esta foi a primeira visita de Kamala Harris à fronteira com o México em três anos. Como vice-Presidente, foi encarregada de trabalhar com os países de origem dos migrantes para que os pedidos de asilo sejam feitos no local de saída e não em território norte-americano.

A imigração deverá ser um dos temas centrais no debate entre os candidatos a vice-presidente Tim Walz (democrata) e J.D. Vance (republicano) na próxima semana.

A questão da imigração tem recebido atenção redobrada devido à alegação de Trump e Vance que migrantes haitianos em Springfield, no estado do Ohio, estão a comer os animais de estimação dos habitantes.

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