"A CPS autorizou o processo criminal contra Kevin Spacey, de 62 anos, por quatro acusações de agressão sexual a três homens", disse Rosemary Ainslie, chefe da divisão de crimes especiais. A responsável disse ainda que o ator foi acusado por "levar uma pessoa a ter atividade sexual penetrativa sem consentimento".

"As acusações seguem-se a uma avaliação das provas obtidas pela polícia metropolitana durante a sua investigação", adiantou Ainslie, frisando que Spacey "tem direito a um julgamento justo".

As acusações de agressão sexual perseguem o ator desde 2017, quando foi alvo de múltiplas queixas na senda do movimento #MeToo. Este caso em concreto prende-se com a abertura de uma investigação em 2018 na sequência da apresentação de seis queixas distintas.

Duas delas referem-se a agressões sexuais em março de 2005 em Londres contra um dos denunciantes. Outra agressão sexual envolveu um segundo denunciante em agosto de 2008, também com participação em atividades sexuais com penetração sem o seu consentimento.

O ator é acusado de uma quarta agressão sexual contra um terceiro denunciante em abril de 2013 em Gloucester, no sudoeste da Inglaterra.

Além de ator em vários filmes de Hollywood e protagonista da série “House of Cards”, da Netflix, Kevin Spacey, foi, durante 11 anos, diretor artístico do teatro Old Vic, em Londres. Depois de receber reclamações de membros da sua equipa, o teatro inicialmente encomendou uma investigação interna a um gabinete jurídico sobre o comportamento do seu ex-diretor artístico.

No final de 2017, essa mesma instituição reuniu testemunhos de 20 pessoas sobre o alegado “comportamento inapropriado” do ator norte-americano.

A primeira acusação a Spacey ocorreu em novembro de 2017, sendo uma denúncia do ator Anthony Rapp, que o acusou de o ter assediado sexualmente quando tinha apenas 14 anos no decorrer de uma festa, um comportamento do qual Spacey disse não ter memória num pedido de desculpas público em que assumiu a sua homossexualidade.

Em 2019, chegaram dois processos contra o ator aos tribunais, mas não avançaram para julgamento. Na Califórnia, um massagista denunciou Spacey de o ter agredido sexualmente que supostamente terá ocorrido em 2016, mas morreu antes da Procuradoria apresentar as acusações e, no Massachusetts, um jovem que o acusou de outra agressão, no mesmo ano, retirou as queixas.

Vencedor de dois óscares por “Os Suspeitos do Costume” (1995) e “Beleza Americana” (1999), Kevin Spacey era considerado um dos melhores artistas da sua geração, mas o pedido de desculpas aquando da primeira acusação não foi suficiente e Spacey começou a ser sujeito a um processo de ostracização na indústria, a começar pelo cancelamento da série “House of Cards”, produzida pela Netflix.

O gigante do streaming adiantou na altura que a sexta temporada da série de intriga política protagonizada por Spacey seria a última, ainda que se tivesse tornado num dos seus produtos de maior sucesso, já premiado com um Emmy para melhor série dramática. Quando os casos vieram à tona, a produtora eliminou o papel do ator na série, tendo reescrito completamente a sexta temporada e reduzido o número de episódios de 13 para oito para cumprir a data de estreia anunciada.

De resto, Spacey foi acusado de assédio sexual por um assistente de produção da série, sendo forçado a pagar 31 milhões de dólares à produtora MCR como indemnização por quebra de contrato e para amenizar os prejuízos provocados pelo seu comportamento durante as filmagens.

Além disso, o cineasta Ridley Scott eliminou todas as suas cenas no filme “Todo o Dinheiro no Mundo” (2017), onde figurava como um dos protagonistas, tendo sido substituído por Christopher Plummer.

A última aparição do ator foi no filme "Billionaire Boys Club” (2018), retornando à grande tela em 2022 com um pequeno papel no filme italiano “L'uomo Che Disegno Dio” (“O Homem que Desenhou Deus”, em tradução simples).

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