“O que realmente importa e o que nos choca é que a decisão ainda não foi adotada. Estamos a aproximar-nos do final de março e as discussões continuam”, afirmou Dmytro Kuleba, num ‘briefing’ ‘online’ para a imprensa estrangeira em Kiev.
O chefe da diplomacia da Ucrânia referia-se a um pacote de ajuda militar calculado em cerca de 60 mil milhões de dólares (55 mil milhões de euros), que se encontra bloqueado há meses pela ala radical do Partido Republicano na Câmara dos Representantes em ano eleitoral dos Estados Unidos e quando a Ucrânia tenta conter os avanços de um Exército russo superior soldados e armas e munições.
Dmytro Kuleba estimou que “a ajuda americana chegará” no final, referindo que se trata de uma questão de “confiança na capacidade dos Estados Unidos para apoiar países que respeitam as mesmas regras e princípios que defendem em todo o mundo”.
O ministro disse que Kiev não descarta a ideia avançada pelo candidato republicano a um regresso à Casa Branca, Donald Trump, nas de que a ajuda norte-americana seja convertida em empréstimos em vez de donativos, mas quer conhecer pormenores.
Estas declarações surgem um dia depois de uma visita a Kiev de um aliado de Trump, o senador republicano Lindsey Graham, que apoia a proposta do antigo Presidente americano de conceder ajuda à Ucrânia sob a forma de empréstimos a juros zero.
No seu ‘briefing’ de hoje em Kiev, o ministro ucraniano voltou a alertar que “não tem dúvidas” de que a Rússia lançará um ataque contra outro país se triunfar na Ucrânia, razão pela qual apelou aos aliados para traduzirem mensagens de apoio político num maior envio de armas, uma vez que considera estar em jogo a estabilidade internacional.
Kuleba alertou que o Presidente russo, Vladimir Putin, que acaba de ser eleito para um quinto mandato até 2030, é guiado apenas “pela lógica e pela ambição expansionistas”, e, se for bem-sucedido na invasão que lançou na Ucrânia em fevereiro de 2022, atacará outros países europeus ou da Ásia Central.
“Ele quer restaurar a influência da União Soviética e do império russo, à custa do “Direito Internacional, fronteiras e regras”, acrescentou.
Na esfera diplomática, Kiev tem esperanças depositadas numa cimeira de paz a decorrer na Suíça, sem data ainda, porque, segundo Kuleba, estão a ser sincronizadas datas com as agendas dos líderes convidados, referindo que a situação na frente de combate “continua tensa”.
O chefe da diplomacia ucraniana destacou que as táticas de guerra russas são “brutais” e que as forças de Moscovo têm “vantagem nos céus”, razão pela qual a Ucrânia exige “mais e mais rápida ajuda militar” dos seus parceiros: “Recebemos muito apoio da Europa e dos Estados Unidos, mas na frente não vemos muitas armas”, lamentou.
Entre as prioridades estão sistemas de defesa aérea e mísseis de maior alcance para poder atacar eficazmente as instalações e postos de comando russos localizados nos territórios ocupados.
Kuleba também se referiu a “drones’, “os novos heróis da guerra” que “nunca serão suficientes”, apesar de a Ucrânia planear produzir mais de um milhão de dispositivos não tripulados só este ano, depois de ter criado um ramo nas forças armadas só para a gestão e uso destes engenhos.
O ministro ucraniano recorreu igualmente a um argumento de “matemática muito simples”, no sentido de que “seja qual for o preço de ajudar a Ucrânia, o preço de travar uma a guerra direta [com a Rússia] será muito, muito maior”.
Observou ainda que os parceiros europeus tomaram a iniciativa de aumentar “significativamente” tanto a sua própria produção militar como as aquisições de armas de países terceiros para ajudar a Ucrânia e “cobrir a lacuna” deixada pelo debate político nos Estados Unidos.
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