Após os ataques na capital ucraniana e sua região, que deixaram 17 feridos, o presidente Volodymyr Zelensky pediu mais uma vez aos aliados ocidentais que enviem mais sistemas antiaéreos, no mesmo dia de uma reunião da UE em Bruxelas para examinar o apoio militar do bloco a Kiev.

"Este terror prossegue dia e noite", afirmou Zelensky numa mensagem no Telegram. Mas "é possível acabar com isso" se houver uma "unidade global", acrescentou.

"Todos os mísseis foram derrubados na região de Kiev", afirmou a Força Aérea ucraniana, que explicou que entre os projéteis russos estavam dois mísseis balísticos Iskander e 29 mísseis de cruzeiro.

A unidade de inteligência militar da Ucrânia afirmou que os mísseis estavam direcionados contra as suas instalações na capital, informaram os media locais citando um porta-voz. Segundo as autoridades ucranianas, os destroços dos mísseis deixaram 17 feridos, 13 na capital e quatro nas imediações de Kiev.

O Exército da Rússia anunciou, pela sua parte, que os alvos foram "centros de decisão, bases logísticas e pontos de mobilização temporária" das forças ucranianas. Um comunicado militar afirma que "todos os objetivos" foram alcançados.

Zelensky publicou um vídeo que mostra janelas de edifícios residenciais destruídas e escombros nas ruas, com os bombeiros a tentar controlar focos de incêndio.

Um bombardeamento subsequente na cidade de Mykolaiv, no sul, deixou uma mulher morta e seis pessoas feridas após atingir uma área industrial, informou a agência de serviços de emergência ucraniana.

Os assentamentos perto da frente de combate também sofreram ataques. Duas pessoas morreram em bombardeamentos russos nas províncias de Kherson (sul) e Donetsk (leste), segundo as autoridades ucranianas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, pediu ao Congresso dos Estados Unidos para "salvar vidas" com o desbloqueio de 60 mil milhões de dólares de ajuda a Kiev, uma verba bloqueada há vários meses devido às disputas políticas entre democratas e republicanos.

Durante uma reunião da UE em Bruxelas, numa mensagem por videoconferência, Zelensky afirmou que a situação da artilharia ucraniana na frente "é humilhante para a Europa, no sentido de que a Europa pode fornecer mais. E é crucial demonstrar isso agora".

Na reunião, os dirigentes europeus pediram avançar com uma proposta para usar os benefícios dos ativos russos congelados na UE em benefício da Ucrânia. Estima-se que 230 mil milhões de dólares (213 mil milhões de euros) estejam congelados, gerando dividendos de mais de 2 mil milhões por ano. O plano seria destinar 90% a um fundo de compra de armas para Kiev e usar o restante para fortalecer a indústria de defensa da Ucrânia.

O ataque foi o primeiro em grande escala contra Kiev e a sua região desde o início de fevereiro e aconteceu depois da Ucrânia intensificar os bombardeamentos nas províncias de fronteira da Rússia, em particular Belgorod.

Nesta província, um bombardeamento ucraniano deixou cinco feridos na quinta-feira. "Na cidade de Belgorod, mais de 30 apartamentos e seis edifícios residenciais foram atingidos por um bombardeamento das Forças Armadas ucranianas", afirmou o governador Viacheslav Gladkov, no Telegram. Gladkov divulgou imagens que mostram fachadas destruídas e janelas partidas em blocos de apartamentos.

O presidente Vladimir Putin disse na semana passada, após uma série de ataques de drones, foguetes e artilharia de Kiev contra o território russo, que "os ataques do inimigo não ficarão impunes". Recém-eleito, Putin prometeu restaurar a "segurança" nas zonas fronteiriças e insistiu que a Rússia tem "um plano" para conquistar a vitória contra Kiev.

O FSB (Serviço Federal de Segurança) anunciou nesta quinta-feira a detenção de um cidadão russo em Belgorod acusado de preparar "atos terroristas contra o Exército".

O homem seria integrante do Corpo de Voluntários Russos, uma milícia pró-Ucrânia que reivindicou incursões em território russo na semana passada, segundo a imprensa estatal.

Na linha de frente, as forças russas continuam a avançar lentamente, contra um Exército ucraniano cada vez mais desgastado devido à falta de homens e munições.

A Rússia reivindicou nesta quinta-feira a captura da localidade de Tonenke, ao oeste de Avdiivka, uma cidade da frente leste que as tropas de Moscovo ocuparam no início deste mês, após uma longa batalha.