Atualmente assessora da vice-primeira-ministra para a Integração Europeia e Euro-Atlântica, Olha Stefanishyna, Sotnyk assumiu que a eleição de Trump é uma das principais preocupações de Kiev porque ameaça a unidade dos países ocidentais no apoio à Ucrânia.
Sotnyk sustentou, num encontro com jornalistas hoje em Londres, incluindo a agência Lusa, que “a União Europeia e os países europeus em geral deveriam encontrar uma forma de resolver [o conflito] antes de Trump apresentar qualquer tipo de plano”.
“Muitos dos meus colegas do governo e da sociedade civil receiam o pior cenário, em que os líderes europeus se limitam a esperar pelas propostas de Trump. Mas, no final do dia, ele não pode propor algo que seja benéfico para a Europa ou para a Ucrânia porque ele não disse nada de positivo”, afirmou.
Olena Sotnyk, representante sénior da consultora Rasmussen Global na Ucrânia, falava durante um seminário intitulado “Ucrânia: Uma análise estratégica”, organizado pela Associação Europeia de Jornalistas, no qual comentou o impacto da política norte-americana no conflito, em curso desde fevereiro de 2022.
Enquanto o Presidente dos EUA, Joe Biden, liderou o apoio internacional à Ucrânia para enfrentar a invasão russa, Trump questionou durante a campanha das eleições presidenciais o envio de armas para Kiev e garantiu que poderia chegar a um acordo em 24 horas para acabar com o conflito.
No entanto, Trump não deu pormenores sobre a forma como pretende acabar com a guerra, e o Presidente eleito anunciou esta semana a nomeação do tenente-general reformado Keith Kellogg como enviado especial para a Ucrânia e a Rússia, com o objetivo de pôr fim à guerra.
Olena Sotnyk, advogada e ativista dos direitos humanos que foi deputada ucraniana entre 2014 e 2019, acredita que os Estados Unidos “não têm muitas maneiras de intervir”.
“Ele [Trump] está habituado a fazer ameaças, o que significa que a ameaça poderá ser à Ucrânia ou à Rússia. Estamos preocupados com o facto de um dos principais sacrifícios ser o sacrifício territorial e a integridade territorial”, confiou.
No entanto, ceder território à Rússia, vincou, seria uma infração aos “princípios fundamentais da ordem mundial e do Estado de Direito” e um risco para a Europa.
“Se isso acontecer, se a paz for alcançada desta forma, será que poderá trazer estabilidade no futuro? Essa é provavelmente uma das principais ameaças”, avisou.
Sotnyk prevê que a futura administração de Trump resista a receber conselhos dos líderes europeus.
“[Isso] significa que estamos sob a ameaça de que ele possa quebrar esta unidade ocidental em torno da questão da paz, da guerra russa na Ucrânia, o que é muito frustrante”, lamentou.
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