“Hoje, a Ucrânia precisa de muito apoio dos nossos parceiros e amigos, mas tenho a certeza de que a Ucrânia pode tornar-se numa plataforma líder em soluções inovadoras no domínio da reabilitação, inclusão e saúde mental”, declarou Oksana Zholnovych num discurso no Fórum Social do Porto, que decorreu hoje no Pavilhão Rosa Mota.

Neste discurso, feito num painel com o título “O Modelo Social Europeu como alavanca geopolítica”, a governante referiu que a Ucrânia tem defendido o seu “caminho europeu há quase 10 anos” e, no último ano e meio, “pagando um preço muito elevado”.

“Estamos a tentar harmonizar a nossa legislação com os requisitos da União Europeia apesar de, devido à guerra, enfrentarmos cada vez desafios maiores”, referiu.

Entre esses desafios, a ministra da Ucrânia destacou o facto de o seu país ter atualmente cerca de 2,7 milhões de pessoas com deficiências devido a ferimentos de guerra.

“São pessoas jovens, ativas, capazes, mas estão incapacitadas devido à guerra. Irão precisar da nossa atenção e apoio contínuo para poderem ser ativos em termos económicos e sociais”, referiu.

Oksana Zholnovych referiu que o Governo ucraniano está a levar a cabo reformas para que o mercado laboral se torne “plenamente inclusivo e acessível a pessoas com deficiências”, estando também a trabalhar em “várias formas de reabilitação, incluindo através do fornecimento de próteses”.

“Queremos criar um centro para questões ligadas a próteses, queremos criar instituições de ensino especiais que trabalhem nesta área e sugerimos aos nossos vizinhos e a outros países europeus que nos ajudem e se tornem nossos parceiros”, referiu.

A ministra ucraniana da Política Social identificou também a igualdade de género como outro desafio, uma vez que “muitas mulheres na Ucrânia estão a lidar com as famílias porque os seus maridos estão na linha da frente”.

“É por isso que estamos a criar plataformas especiais para apoiar as mulheres nessa situação”, disse.

Outro “assunto muito importante”, segundo a governante, prende-se com as doenças mentais, uma vez que “mais de 70% dos ucranianos descrevem atualmente o seu estado psicológico como sendo de ansiedade”, o que se pode “transformar num distúrbio de saúde”.

“Estamos a desenvolver um projeto de rede de centros de resiliência, que serão espaços […] nos quais serão prestados serviços sociais e assistência social e psicológica”, disse.

A ministra ucraniana considerou que “muitas destas soluções poderão ser uma experiência útil” para muitos dos parceiros europeus, convidando-os a juntarem-se aos “programas de desenvolvimento da Ucrânia”.

Devemos “partilhar as nossas experiências para sermos uma Europa mais forte e uma Ucrânia mais forte”, disse.

Oksana Zholnovych salientou que, para a Ucrânia, é “importante dar um salto na qualidade dos seus serviços” e defendeu que a integração de Kiev no modelo social europeu será um passo nesse sentido.

“Hoje, devido a um certo vizinho do Norte, temos de lidar com vários problemas, mas seremos capazes de recuperar o capital humano, garantir o bem-estar económico adequado do nosso Estado e ajudá-lo a tornar-se um membro de pleno direito da comunidade europeia”, afirmou.