Issur Danielovitch Demsky nasceu em 09 de dezembro de 1916, em Amesterdão, uma localidade do estado de Nova Iorque, filho de um casal de emigrantes judeus de origem bielorrussa, Herschel e Bryna Danielovitch.
Cresceu num bairro pobre, mas era bom estudante e formou-se em Letras na Universidade de St. Lawrence, em 1934. Concluídos os estudos, mudou-se para Nova Iorque, onde até 1939 estudou na Academia Americana de Arte Dramática.
Desempenhou pequenos papéis em obras na Broadway antes de se alistar na Marinha em 1941 para combater na Segunda Guerra Mundial. Dois anos depois foi dispensado do serviço devido aos ferimentos sofridos em combate e voltou a Nova Iorque, onde participou em várias produções teatrais e atuou em emissoras de rádio.
A recomendação da atriz Lauren Bacall, com quem estudou teatro em Nova Iorque, abriu as portas de Hollywood e em 1946 participou na meca do cinema, no primeiro filme "O estranho amor de Marta Ives" de Lewis Milestone, em que os protagonistas em Barbara Stanwyck e Van Heflin.
Foi o início de uma longa carreira, que se estendeu por seis décadas e mais de 90 filmes, além de produzir uma dezena de películas e dirigir duas longas-metragens, "Scalawag" (1973) e "Cavalgada dos Destemidos" (1975).
Douglas trabalhou com vários realizadores, Vincent Minelli, Jacques Tourneur, King Vidor, Otto Preminger, Billy Wilder, Elia Kazan, Howard Hawks e William Wyler, entre outros, mas foi Stanley Kubrick quem mais marcou a carreira do ator com "Horizontes de Glória" (1957) e "Spartacus" (1960).
Nesta longa carreira, só conseguiu um Oscar honorário em 1996. Honorários foram também os prémios Cecil B. de Mille, em 1968, o César da Academia Francesa em 1980 e o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim em 2001.
Foi também condecorado com a Ordem das Artes e das Letras, concedida pelo Governo de França em 1979, e com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1981 e em 2011 recebeu a Medalha Nacional dos Estados Unidos de Arte e Humanidades.
Além do cinema, Kirk Douglas trabalhou nos palcos e na televisão. A última interpretação teatral foi em março de 2009 na sala com o seu nome em Culver City (Los Angeles, Califórnia) em "Antes que me esqueça", comédia sobre a vida do ator.
Douglas apareceu pela última vez em público há dois anos, na gala dos Globos de Ouro, na companhia da nora Catherine Zeta-Jones, para entregar o prémio para o melhor argumento.
Durante algum tempo foi também porta-voz do centro Simon Wiesenthal, especializado em estudos sobre o holocausto judeu.
Do primeiro casamento com Diana Dill, em 1943, nasceram dois filhos: o ator Michael Douglas e Joel Andre. Em 1945, voltou a casar-se com Anne Buydens e teve mais dois filhos: Peter e Eric Anthony, que em julho de 2004, foi encontrado morto devido a excesso de álcool e medicamentos.
Para além do seu trabalho à frente das câmaras, Kirk Douglas destacou-se ainda pelo trabalho de produção, tendo fundado a produtora Bryna Productions, responsável por dois dos mais importantes filmes em que participou: "Horizontes de Glória" e "Spartacus", ambos realizados por Stanley Kubrick.
O ator tinha sobrevivido a um desastre de helicóptero em 1991 — que o levou a explorar as suas raízes judaicas — e a um AVC em 1996, que o debilitou na mobilidade e na fala. Ainda assim, Kirk Douglas continuou a participar em filmes, sendo que o seu último papel foi no filme "Ilusões", em 2004.
Ator lendário, que figurou em filmes como "Spartacus", "O Grande Ídolo", "Assim Estava Escrito" ou "Fuga sem rumo" e era um dos últimos sobreviventes da época dourada de Hollywood, Kirk Douglas morreu ontem aos 103 anos.
A confirmação foi dada por um dos seus filhos, Michael Douglas, que lançou um comunicado obtido pela revista People.
"É com uma tremenda tristeza que os meus irmãos e eu anunciamos que Kirk Douglas deixou-nos com 103 anos. Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da época dourada dos filmes que viveu bem até aos seus anos dourados, um humanista cuja dedicação à justiça e às causas nas quais acreditava criaram um padrão que todos nós aspiramos", lê-se.
"Mas para mim e para os meus irmãos, Joel e Peter, era apenas um pai”, escreveu Michael Douglas, acrescentando que Kirk Douglas deixa “um legado no cinema que vai perdurar nas gerações futuras e uma história enquanto um filantropo de renome, que trabalhou para ajudar o público e trazer paz ao planeta”.
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