O quarteto de São Francisco vai atuar em Lisboa, nas Ruínas do Convento do Carmo, e o seu concerto em Braga terá lugar no Theatro Circo.

O regresso do Kronos Quartet a Portugal acontece cerca de dois meses depois da edição do seu mais recente álbum, “Landfall”, feito em colaboração com Laurie Anderson, que sucedeu a “Folk Songs” e “Ladilikan”, dois discos publicados no ano passado, eleitos entre os melhores de 2017 pelo jornal The Guardian e pelas revistas Uncut e World Music Central, entre outros títulos.

Criado há 45 anos, o quarteto é composto, atualmente, pelos violinistas David Harrington – fundador – e John Sherba, o violetista Hank Dutt e a violoncelista Sunny Yang.

Com uma composição tradicional do quarteto de cordas – dois violinos, uma viola de arco e um violoncelo -, o Kronos Quartet tem explorado – e combinado – expressões muito distintas entre si, da música erudita de tradição europeia à música contemporânea, do jazz, da pop e do rock, à música tradicional, de diferentes áreas do globo.

Desde a sua fundação, em Seattle, em 1973, o percurso do quarteto soma a estreia de mais de 950 obras, encomendadas a compositores como os norte-americanos Terry Riley, Philip Glass, John Adams, Arvo Pärt, Steve Reich e George Crumb – que inspirou a criação do ‘ensemble’ e o seu nome, segundo Harrington – o sul-africano Kevin Volans, o polaco Henryk Górecki, os argentinos Astor Piazzolla e Osvaldo Golijov, o marroquino Said Hakmoun ou Dumisani Maraire, do Zimbabué, entre muitos outros.

Ao português Vitor Gama, o quarteto encomendou estreou “Rio Cunene”, uma obra estreada em 2010, no Carnegie Hall, em Nova Iorque, que também foi apresentada no Festival Temps d’Images, em Lisboa.

Antes, o Kronos Quartet já tinha incluído Carlos Paredes no seu repertório, com “Verdes Anos” e “Romance N.º1″, duas peças gravadas no álbum “Caravan”, de 2000.

As muitas expressões revisitadas pelo Kronos Quartet vão da música antiga de Guillaume de Machaut, Hildegard von Bingen ou Perotin, à música do século XX de John Cage, Chostakovitch ou Schnittke, do jazz de Ornette Coleman, ao rock de Jimi Hendrix.

O mais recente álbum, “Landfall”, é uma reflexão feita com Laurie Anderson, a partir da devastação do furacão Sandy, que atingiu Nova Iorque, em 2012. Em “Folksongs”, publicado há um ano, são recriadas canções tradicionais.

“Ladilikan” marcou o regresso do Kronos à música africana, com o Trio Da Kali e o seu líder, Fodé Lassana Diabaté, num percurso que explora séculos de tradição musical do Mali. “Um dos mais belos álbuns que os Kronos fizeram”, disse o seu fundador, David Harrington.

O Kronos Quartet atuou por diversas vezes em Portugal, nomeadamente no âmbito da Expo98, no Festival Músicas do Mundo, em Sines, em 2003, na Casa da Música, no Porto, em 2006, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em 2010, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2014.

O regresso este ano insere-se na digressão europeia, que tem início no próximo mês, em Hamburgo, depois do Festival Kronos, que o quarteto promove anualmente, em São Francisco, cruzando diferentes expressões musicais, e que este ano decorre de 26 a 28 de abril.