“É claro que a política monetária precisa de continuar muito acomodatícia num futuro próximo”, afirmou Lagarde, em respostas por escrito enviadas ao Parlamento Europeu e publicadas hoje, no quadro do processo de validação da sua nomeação.
Lagarde acrescentou que o BCE ainda não atingiu “o mínimo” da sua política em matéria de taxas de juro.
A atual diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que, nos últimos anos, a inflação tem ficado abaixo do nível pretendido pelo BCE, apesar de as medidas adotadas pelo banco central sob a liderança de Mario Draghi terem permitido afastar a ameaça de deflação e apoiado o crescimento e o emprego. O BCE defende uma inflação ligeiramente abaixo de 2%.
Lagarde também sublinhou que “a expansão económica da zona euro abrandou recentemente e que as perspetivas de crescimento estão em baixa”.
A futura presidente do BCE explicou que a situação se deve “a incertezas ligadas a fatores geopolíticos, a pressões protecionistas e a vulnerabilidades dos mercados emergentes”.
Em termos de resposta a dar, “não creio que o BCE tenha já atingido o mínimo” da sua política em matéria de taxas de juro”, afirmou, admitindo, no entanto, que “as taxas de juro baixas têm implicações para o setor bancário e para a estabilidade financeira em geral”, numa aparente tentativa de tranquilizar a Alemanha, que se tem queixado da política de baixas taxas de juro seguida pelo BCE, alegando que penaliza as poupanças.
Os detratores na Alemanha da política expansiva do BCE consideram que essa orientação visa sobretudo apoiar os países do sul da Europa, com maiores dificuldades, mas não é adequada a um país como a Alemanha.
Na próxima reunião de política monetária do BCE, no dia 12 de setembro, podem ser adotadas novas medidas de apoio, incluindo uma baixa na taxa de juro aplicada aos depósitos e um relançamento do programa de compra de ativos, que terminou no final de 2018.
Lagarde indicou ainda que espera “um impacto limitado” do ‘Brexit’ (saída britânica da União Europeia) no acesso aos serviços do setor financeiro da zona euro.
Christine Lagarde, a primeira mulher a liderar o FMI, ocupava o cargo diretora-geral da instituição desde 2011 e o seu segundo mandato, iniciado em 2016, terminava em julho de 2021. Deixa o FMI para suceder no BCE a Mario Draghi, que termina o mandato em finais de outubro.
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