“Não basta dizer que não querem sair, têm obviamente responsabilidades que têm de cumprir”, salientou hoje, em declarações aos jornalistas, o secretário regional adjunto da Presidência para os Assuntos Parlamentares, Berto Messias.
O governante falava em resposta a uma questão sobre as recentes declarações da encarregada de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, Herro Mustafa, que disse que a Força Aérea norte-americana não tinha intenção de sair da base das Lajes, na ilha Terceira, ou diminuir a sua presença.
"Em absoluto, não. Não estamos a pensar em sair nem em diminuir a nossa presença na [base das] Lajes. Em absoluto. Anunciámos recentemente que iríamos fazer um investimento de nove milhões de dólares em projetos de modernização nas Lajes. Continuamos a pensar em formas de renovar, mesmo diminuindo o número de pessoal, no interior da base", disse, na quinta-feira, a diplomata norte-americana aos jornalistas no final de um almoço organizado pela Câmara do Comércio Americana em Portugal.
Segundo Berto Messias, as declarações de Herro Mustafa não surpreenderam o Governo Regional dos Açores.
“Isso não é novidade. Já toda a gente sabe que os Estados Unidos não querem sair das Lajes e não querem deixar de estar nas Lajes. Não vejo nestas declarações qualquer novidade”, frisou.
Ainda assim, o secretário regional considerou positiva a importância que a administração norte-americana atribui à base das Lajes.
“Temos consciência da forma como os Estados Unidos encaram a importância da sua presença aqui e isso obviamente também nos garante uma postura positiva relativamente a essa perspetiva, sem obviamente descurar aqueles que são os nossos direitos nessa matéria e as responsabilidades dos norte-americanos”, salientou.
Já o autarca da Câmara Municipal da Praia da Vitória, onde está localizada a base das Lajes, criticou o facto de a encarregada de negócios da embaixada norte-americana ter dito que os Estados Unidos estavam a fazer muito para ajudar a economia local, em áreas como a educação, a pesca sustentável e a ciência.
"Temos apenas assistido a sucessivas visitas de responsáveis americanos, que apresentam sempre imensa vontade em ajudar e cooperar, mas, depois, nada acontece", disse Roberto Monteiro, numa nota de imprensa.
O autarca desafiou Herro Mustafa a demonstrar publicamente os investimentos e medidas com impacto na economia do concelho e da Terceira.
“Não podemos pactuar com declarações deste âmbito, que não se refletem na realidade. Não posso pactuar com esta atitude de dizer uma coisa lá longe, em Lisboa, desvirtuando a realidade. Na Praia da Vitória e na ilha Terceira ninguém vê essas medidas, nem os impactos delas. Portanto, é imperativo que a encarregada de negócios dos EUA em Portugal venha publicamente esclarecer e nomear cada medida e qual o seu impacto no nosso concelho e na ilha”, sublinhou.
Entre setembro de 2015 e setembro de 2016 abandonaram a base das Lajes, com rescisões por mútuo acordo, cerca de 450 trabalhadores civis portugueses.
O efetivo militar, que em 2015 era de 650, também tem vindo a ser gradualmente reduzido, estando previsto que não ultrapasse os 165 militares.
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